Capitais próprios negativos de quase 108 milhões de euros – o Grupo Montepio Geral Associação Mutualista, dono da Caixa Económica, terminou o ano de 2015 em falência técnica, segundo a auditora KPMG. O Público noticia esta terça-feira que, na certificação das contas consolidadas de 2015, o grupo terminou esse ano com mais passivos do que ativos, um “buraco” de 107,529 milhões de euros.

Esta é uma das informações mais importantes que constam dos relatórios e contas da associação, que foram distribuídos aos 23 membros do Conselho Geral da associação na semana passada. O Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral, liderado por António Tomás Correia, reúne-se esta terça-feira para debater as contas individuais da associação de 2016 e as contas consolidadas relativas a 2015, que deveriam ter sido divulgadas no ano passado.

Nessas contas do ano de 2015, vem também a indicação de que a associação terminou esse ano com prejuízos superiores a 251 milhões. A situação crítica da associação, descrita pela auditora KPMG, obriga a medidas urgentes como injeções de capital ou venda de ativos. As dificuldades da associação, que detém a Caixa Económica a 100%, tornam mais difícil a recapitalização que o banco também necessita.

O Expresso noticiou no sábado que o Banco de Portugal elaborou um relatório “arrasador” para a situação da instituição financeira, com “um perfil de risco de nível elevado”, exposições estratégicas que “não garantem uma gestão sólida” e uma “consistente degradação da qualidade da carteira dos clientes”. Numa carta aos trabalhadores, enviada na segunda-feira, o presidente da Caixa Económica, José Félix Morgado, garantiu que “a situação reportada não reflete a situação em 2016 e, portanto, o quadro atual”.

O Banco de Portugal apenas tem responsabilidades de supervisão sobre a Caixa Económica, não sobre o grupo que a detém e que, segundo a auditora KPMG, fechou 2015 em falência técnica. E, quanto à gestão da Caixa Económica, Carlos Costa dizia recentemente em entrevista ao Público que tinha “uma administração profissionalizada e a dar passos sérios no sentido de se transformar num pilar financeiro do terceiro sector.

Há ainda uma série de recomendações feitas ao Montepio no sentido de reforçar a sua solidez, avança hoje o Jornal de Negócios, e para evitar que o seu único acionista tenha de injetar dinheiro na instituição liderada por Félix Morgado. Entre s medidas acordadas com o supervisor, ainda de acordo com o mesmo jornal, está , em primeiro lugar, a redução do risco em África, onde o Montepio tem operações: o Finibanco Angola e o Banco Terra (este em Moçambique). O Banco de Portugal recomenda ainda a venda das carteiras de crédito malparado e de imóveis que o banco tenha recebido por hipotecas.

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