O secretário-geral do PCP evocou, esta terça-feira, em Lisboa o exemplo do antigo dirigente comunista e resistente antifascista Joaquim Gomes para defender a necessidade de continuar “a luta por uma democracia avançada, parte integrante da luta pelo socialismo”.

É continuar a luta pela afirmação e concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda capaz de retomar os caminhos de Abril e reafirmar os seus valores e conquistas. Homenagear e honrar a memória de Joaquim Gomes é continuar a luta por uma democracia avançada, parte integrante da luta pelo socialismo”, afirmou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista discursava na homenagem àquele ex-operário e preso político do regime de Salazar, por ocasião do seu centenário. O antigo deputado, originário da Marinha Grande, foi detido diversas vezes e protagonizou a famosa fuga do Forte de Peniche, juntamente com o histórico líder Álvaro Cunhal, em 1960, tendo morrido em novembro de 2010.

“Modesto e discreto, Joaquim Gomes, era um patriota que serviu o seu povo e a sua pátria, mas orgulhoso de ser vidreiro, da sua Marinha Grande e da história heroica do povo, uma história que a sua vida de lutador incansável também dignificou. Como salientou Álvaro Cunhal, as vidas dos revolucionários valem como sementes nas vidas dos povos. A melhor forma de homenagear e honrar a memória de Joaquim Gomes, e de tantos revolucionários comunistas, é continuar a luta pela qual deram o melhor de si e das suas vidas”, disse.

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Após momentos de poesia e música e a reprodução parcial de um discurso de Joaquim Gomes, na Casa do Alentejo, perante 200 pessoas que terminaram com gritos de “a luta continua” e punhos erguidos, Jerónimo de Sousa recordou a companheira de sempre daquele dirigente e também militante do PCP, Maria da Piedade.

Funcionária do partido, clandestina durante 22 anos, com a sua saúde debilitada e a vida em perigo, é libertada em 1964 na sequência de uma campanha nacional e internacional de solidariedade. Voltou à clandestinidade e ao trabalho militante que prosseguiu com grande dedicação até ao 25 de Abril de 1974 e continuou em tarefas de apoio ao Secretariado do Comité Central”, destacou.

O secretário-geral comunista lembrou que Joaquim Gomes “conheceu o duro trabalho numa fábrica de vidro, tinha apenas seis anos”, experimentando “o mesmo percurso de vida de exploração desumana que há muito estava reservado à maioria filhos das famílias operárias naqueles anos do princípio do século XX na Marinha Grande, onde nascera a 9 de março de 1917”.

“Evocamos hoje [terça-feira] os 100 anos do nascimento desse homem generoso que, dando o melhor de si, se entregou por inteiro à luta do seu partido, pela libertação do nosso povo e pela concretização do seu projeto emancipador da classe operária, dos trabalhadores, pelo socialismo”, sublinhara, elogiando “oito ininterruptas décadas de militância comunista revolucionária”.

Jerónimo de Sousa colocou a personalidade de Joaquim Gomes entre o núcleo de “construtores do partido – homens e mulheres que, em condições extremamente difíceis e à custa de enormes sacrifícios pessoais e humanos – vida precária, clandestinidade, anos e anos ausentes do convívio familiar, prisões, torturas e a perda da própria vida – construíram, com outros militantes valorosos, o PCP, tornando-o no grande partido nacional que se afirmou na sociedade portuguesa”.

Nas muitas lutas pelo aumento de salários, nas greves pela unificação das tabelas salariais, pelo fim do trabalho ao domingo ou as greves simultâneas nas empresas de garrafaria no princípio dos anos trinta, a marcante e vitoriosa greve de nove meses, em 1932, na Guilherme Pereira Roldão, que teve o apoio e a solidariedade de toda classe vidreira que garantiu o salário aos trabalhadores em greve” participou também Joaquim Gomes, segundo o líder do PCP.