O secretário de Estado da Educação, João Costa, afirmou esta terça-feira que as “melhores práticas” pedagógicas aplicadas por algumas escolas “vivem sob a espada de uma inspeção”, porque a legislação não legitima estas práticas.

Hoje o que temos é uma legislação que não legitima as melhores práticas“, disse João Costa, explicando que, em muitos casos, estas “vivem sob a espada de uma inspeção que pode ir lá e dizer: isto não se faz porque não está previsto na lei”.

João Costa, que falava na cerimónia do lançamento oficial da rede Ashoka em Portugal, em Lisboa, sublinhou que o Governo não quer revolucionar nada: “aquilo que queremos é que aqueles que trabalham bem se sintam confortáveis para trabalhar bem”.

Na cerimónia foram divulgadas as cinco Escolas Changemaker portuguesas que vão unir-se às mais de mais de 200 escolas espalhadas por todo o mundo que fazem parte da Ashoka, a maior rede mundial de empreendedores sociais, presente em 84 países.

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As escolas que se destacaram pela sua intervenção junto dos alunos e das comunidades foram o Agrupamento de Escolas do Freixo, em Viana do Castelo, o Colégio de São José, em Coimbra, a Escola Básica Integrada de Rabo de Peixe, nos Açores, a Escola Profissional Magestil, em Lisboa, e a Park International School, em Lisboa.

Cada uma das escolas que está aqui é uma escola informada, alguém que não estava satisfeito com aquilo que tinha e resolveu fazer qualquer coisa diferente”, disse João Costa.

Em declarações à agência Lusa no final da cerimónia, o secretário de Estado destacou a importância desta rede de escolas, porque legitima que “trabalhem umas com as outras e se conheçam umas às outras”.

Por outro lado, “dá e confere visibilidade a algumas das melhores práticas pedagógicas que existem no país e que têm de ser conhecidas”.

O facto de ser uma rede que tem “uma dimensão internacional” permite também que “se conheça fora o que há em Portugal e se conheça em Portugal o que há fora”. “Há muitas ‘finlândias’ em Portugal só que estão escondidas“, comentou.

João Costa lembrou o “debate intenso” que está a decorrer e que começou com o “perfil do aluno”, um documento que determina qual deve ser o perfil do estudante à saída do ensino obrigatório.

“É a partir deste debate que nós queremos pensar em conjunto e temos estado a trabalhar com muita gente para pensar com calma, com gradualismo, sem ímpetos reformistas aquilo que pode ser feito”, disse à Lusa, sublinhando que, neste momento, o que principalmente interessa é que “sejam legitimadas as melhores práticas”.

Defendeu ainda a importância de se trabalhar as transições de ciclo, que têm que ter “alguma continuidade”, porque “são momentos difíceis” para os alunos.

Há uma rutura entre o pré-escolar e o primeiro ciclo que tem que ser pensada e trabalhada”, disse João Costa, salientando que já há escolas e agrupamentos que estão a trabalhar com “muita seriedade” nesta matéria.

O responsável pelo projeto Escolas Changemaker em Portugal, Frederico Fezas Vital, adiantou que as cinco escolas selecionadas “são muito diversas” e que a sua escolha acaba por passar a mensagem da Ashoka de que “não há uma metodologia específica certa ou errada, não há uma forma de estar certa ou errada”.

“Há é uma aprendizagem mútua, partilha, que tem que ser canalizada como uma mesma visão”, disse Frederico Fezas Vital. O responsável destacou a importância da Educação para a resolução de problemas sociais.

“O ritmo a que sucedem as problemáticas sociais é cada vez mais acelerado e se não houver uma resposta rápida, eficaz, criativa e em colaboração é muito difícil nós resolvermos os problemas que a sociedade nos impõe”, disse, rematando: “A educação não serve para nada se não for aplicada à prática na resolução dos problemas sociais”.