O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, António Tomás Correia, garantiu esta terça-feira que não há risco de falência da entidade e que tem atualmente recursos para fazer face às responsabilidades perante os seus associados.

“A questão mais chocante para nós foi a afirmação de uma espécie de falência relativamente a esta associação. Estamos perante uma afirmação que não corresponde à realidade e é bom que afirmemos isso com veemência, é alarmista, não ajuda o movimento mutualista, o setor financeiro português, não ajuda os portugueses e as portuguesas e não ajuda os associados e as associadas”, afirmou António Tomás Correia em conferência de imprensa, na sede da Associação Mutualista em Lisboa.

O responsável afirmou ainda que, ao final da manhã desta terça-feira, a maior associação mutualista de Portugal tinha recursos para fazer face às responsabilidades perante os seus mais de 600 mil associados. “O nosso balanço que rondará os 3.800 milhões de euros corresponde a responsabilidades hoje calculadas ao final da manhã de 3.100 milhões de euros perante associados”, afirmou, garantindo ainda que os ativos da Associação Mutualista, como imobiliário, estão registados em balanço “subvalorizados”.

Tomás Correia afirmou que estes cálculos “oferecem tranquilidade” e mostram a “gestão conservadora e rigorosa” que tem sido feita na Associação Mutualista.

O Público noticia esta terça-feira que, no final de 2015, a Associação Mutualista Montepio Geral tinha 107 milhões de euros de capitais próprios negativos, ou seja, o passivo (o que deve) é superior ao ativo (o que possui), o que se designa por falência técnica em contabilidade. Este cenário pressiona a Caixa Económica Montepio Geral, principal participada da Associação Montepio, que precisa de repor capital.

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Como explica o jornal, ‘falência técnica’ tal não significa que a entidade nessa situação tenha de ser dissolvida, mas obriga a que sejam tomadas medidas, caso da injeção de capitais pelos sócios. A Associação Mutualista Montepio Geral é o topo do Grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), que desenvolve atividade bancária.

Em 2015 (últimas contas conhecidas) teve prejuízos de 393,1 milhões de euros, justificados com imparidades que teve de constituir para fazer face a eventuais perdas com a participação na CEMG e no Montepio Seguros (inclui a Lusitânia). Quanto à CEMG, teve um prejuízo de 67,5 milhões de euros até setembro de 2016. As contas anuais ainda não são conhecidas.

Apenas no terceiro trimestre, entre julho e setembro de 2016, a instituição apresentou um lucro de 144 mil euros, tendo o Expresso divulgado que esse resultado foi conseguido em grande parte com uma operação financeira que posteriormente foi anulada. A Associação Mutualista Montepio Geral é liderada por Tomás Correia, que durante anos acumulou a liderança da Caixa Económica, da qual saiu no verão de 2015, quando o Banco de Portugal forçou a separação da gestão. Já o banco mutualista é desde então presidido por Félix Morgado e é conhecido que a relação entre os dois responsáveis não tem sido fácil.