A reunião do Conselho de Estado da Guiné-Bissau convocada esta quarta-feira pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, para debater uma proposta para tirar o país do impasse político terminou sem que houvesse entendimento entre os conselheiros.

O líder do Parlamento, Cipriano Cassamá, afirmou que a sua proposta para acabar com a crise política não mereceu a concordância do Presidente guineense, a quem acusa “de estar a brincar com o povo”. A proposta de Cassamá, que passava pela formação de um novo governo e que seria apoiado pelos cinco partidos com assento no Parlamento não foi levado em consideração pela maioria dos conselheiros do Estado. “Continuamos na mesma situação de impasse, nós acabamos de sair de uma farsa”, acusou o líder do Parlamento.

Domingos Simões Pereira, antigo primeiro-ministro e líder do PAIGC, principal partido no Parlamento, considera que o Presidente José Mário Vaz tem dificuldades em conduzir “um debate sério e construtivo”, daí que a reunião desta quarta-feira não trouxe os resultados desejados, afirmou. O líder do PAIGC considerou que agora é que se deve falar numa grave crise institucional na Guiné-Bissau e não na altura da demissão do seu executivo, em agosto de 2015.

Vitor Mandinga, porta-voz do Conselho de Estado, considerou por sua vez, que não se pode falar em bloqueio das instituições da República mas sim do encerramento deliberado do Parlamento por parte do PAIGC. Segundo Mandinga, deputado e também ministro do Comércio e Promoção Empresarial, o Parlamento é única instituição do Estado guineense que não está a funcionar pelo que não se pode falar de uma crise generalizada no país, observou. Divergências na interpretação do regimento do funcionamento do Parlamento entre os dois principais partidos no órgão, PAIGC e PRS, têm levado ao bloqueio do hemiciclo há mais de ano e meio.

O facto tem levado a que vários governos não consigam apresentar aos deputados os seus planos de acção e propostas de Orçamento Geral do Estado.

Os conselheiros do Estado guineense que falaram aos jornalistas no final da reunião desta quarta-feira, que durou cerca de cinco horas, não souberam precisar se um novo encontro será convocado pelo Presidente guineense.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR