Com o principal processo judicial a aproximar-se do fim nos EUA, resultado também da decisão do Grupo Volkswagen de declarar-se culpado de algumas das acusações que sobre si pendiam, na Alemanha, continuam as investigações da parte das autoridades, com vista ao apuramento de responsabilidades no caso da utilização, por parte do fabricante alemão, de dispositivos ilegais que manipulam as emissões em motores diesel. A última acção da justiça germânica decorreu esta manhã, com a realização de buscas na sede da Audi, em Ingolstadt, assim como numa das fábricas da marca, em Neckarsulm.

A notícia é divulgada pela Automotive News, com base em informações avançadas pela agência noticiosa Reuters, segundo as quais procuradores de Munique e Estugarda terão entrado, esta manhã, nas instalações da Audi em Ingolstadt e Neckarsulm. Acção esta, de resto, já confirmada, através de um porta-voz, pela própria marca dos quatro anéis.

Recorde-se que, ainda em Novembro último, os responsáveis da Audi admitiam que o seu motor 3,0 litros V6 a gasóleo continha um dispositivo de controlo de emissões que havia sido considerado ilegal nos EUA. Com a marca a assumir, a partir daí, a sua disponibilidade para colaborar totalmente com as autoridades.

Esta manhã, cerca de 80 procuradores terão participado no raide que terá abrangido igualmente casas particulares, avança o diário alemão Sueddeutsche Zeitung.

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As buscas terão começado cerca das 07h00 (hora local), ou seja, três horas antes do início da conferência de imprensa anual promovida pela Audi. Iniciativa de que, acrescenta o mesmo jornal, os procuradores só terão tomado conhecimento demasiado tarde, impossibilitando o adiamento das buscas.

Ainda em Fevereiro, a Audi anunciou ter despedido quatro engenheiros por “falha grosseira do dever”. Isto, depois de o jornal alemão Handelsblatt ter noticiado, ainda em 2016, que a Audi terá criado dispositivos de desactivação do sistema de restrição de emissões em 1999. Ou seja, muito antes do Grupo Volkswagen ter sido acusado de falsificação dos valores das emissões dos seus modelos a diesel.

A Automotive News recorda que a acção agora levada a cabo pelas autoridades alemães é mais uma machadada nos esforços da Volkswagen em deixar para trás o escândalo despoletado em Setembro de 2015 e conhecido como Dieselgate. O qual acabou, de resto, por penalizar também a Audi em cerca de 1,63 mil milhões de euros. Mas que, ainda assim, não impediu a marca dos quatro anéis de ser a maior contribuidora para os lucros do grupo automóvel alemão, em 2016.

A salvaguarda do lucro da Audi é, segundo a mesma fonte, considerada fundamental para o Grupo Volkswagen, obrigado que está a reparar cerca de 11 milhões de carros que estariam equipados com os tais dispositivos ilegais, sem, no entanto, perder capacidade financeira para levar a cabo o desafio do automóvel eléctrico e dos novos serviços digitais.