Confrontada com um mercado cada vez mais competitivo, em que até os novos pequenos fabricantes têm vindo a conquistar clientes, a Ferrari – hoje em dia, com uma oferta centrada nos superdesportivos – pode ter de aumentar a produção, ou até mesmo abrir-se a novos produtos, como um novo modelo de entrada de gama ou um SUV. Isto porque, avisa o CEO da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Sergio Marchionne, é preciso deixar de impor aos clientes longos meses de espera por um carro, levando a que estes optem por ir comprar um modelo da concorrência.

Em entrevista à Car Magazine, o big boss da FCA recordou que, este ano, a Ferrari deverá entregar menos de 8.500 veículos. Número que, embora superior às 8.014 unidades entregues em 2016 e às 7.664 vendidas em 2015, continua a resultar, segundo Marchionne, “numa lista de espera longa”. Com as evidentes desvantagens daí resultantes. Para fundamentar o seu ponto de vista, o italiano recordou o caso de uns clientes com quem terá falado no último Salão de Genebra, que não terão chegado a tempo de poder comprar um determinado Ferrari. “Isso é o pior que podemos dizer a um cliente”, afirma Marchionne, para quem esta situação só beneficia os principais rivais:

Tenho muito respeito por Stefano Domenicalli, mas a verdade é que muitas pessoas só compram Lamborghini porque não conseguem ter um Ferrari”, comenta.

A suportar as afirmações de Marchionne, basta recordar que os últimos relatórios divulgados pela Ferrari, em 2016, referiam que a entrega dos modelos 488 GTB, Califórnia T e GTC4Lusso T, tinha sido prolongada para 2018, devido à procura. Já quanto a Domenicalli, embora possa entender estas declarações como uma “bicada” do líder máximo da Ferrari, a verdade é que não deverá estar propriamente infeliz com a situação: só em 2016, a Lamborghini entregou um número recorde de 3.457 unidades, ou seja, mais 7% que em 2015, ano que em fez chegar aos clientes 3.245 automóveis.

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Entretanto, Marchionne garante que a Ferrari está já a explorar novas formas de crescer, com o italiano a afirmar-se convicto de que “ainda existem sectores por explorar” no mercado.

Estamos a analisar possibilidades, na certeza de que não produziremos um carro que o mercado não quer.”

Embora Marchionne prefira não revelar muito do jogo, a verdade é que existem poucos segmentos para onde a Ferrari possa crescer. A não ser, conforme avançam há já algum tempo os rumores, no sentido da criação de um novo modelo de entrada na gama e, principalmente, da criação de uma proposta inserida naquele que é, hoje em dia, o segmento da moda: o dos SUV. Contudo, ainda em 2016, o mesmo Sergio Marchionne negava prontamente ambas as possibilidades, afirmando, quanto à primeira hipótese, que a empresa não saberia onde posicionar, em termos de gama, um novo Dino. Já sobre um possível CUV, foi ainda mais elucidativo: “Vão ter de me alvejar, primeiro!”

Na entrevista à Car Magazine, o CEO da FCA revelou ainda que a companhia está a abandonar gradualmente as transmissões manuais, embora mantendo-se fiel aos motores V12 como solução preferencial para os Grand Tourers. Ainda assim, a Ferrari continuará a caminhar no sentido da hibridização, sendo que o próximo passo, revelou Marchionne, está a dois anos de distância. Recorde-se que, há não muito tempo, este mesmo responsável avançou que, a partir de 2019, todos os modelos do Cavallino Rampante contariam com algum nível de electrificação.