A associação mutualista Montepio “tem um património mais do que suficiente para poder acorrer, se houver necessidades pontuais de capital da caixa económica”, acredita José Félix Morgado, presidente da Caixa Económica detida a 100% pela associação liderada por Tomás Correia. Apesar das notícias de terça-feira, que apresentavam a associação como tendo capitais próprios negativos, o responsável diz em entrevista ao Negócios que a associação sempre foi “solidária” com as necessidades de reforço da Caixa Económica. Ainda assim, José Félix Morgado admite que no horizonte poderá estar uma mudança de nome na Caixa Económica.

“A marca tem grande valor, é um ativo muito importante”, mas José Félix Morgado adianta que haverá em breve uma avaliação sobre se deve ou não haver uma “adaptação” do nome da instituição financeira, para ajudar a que não haja confusão entre as duas entidades (a casa-mãe, a associação mutualista, e a participada financeira, a caixa económica).

Na entrevista ao Negócios, José Félix Morgado garantiu que não houve vendas de imóveis ou outros ativos da caixa económica para a associação — pelo menos, não houve no seu mandato. “Estou cá desde 2015 e não há”, ressalvou o gestor. Antes de Félix Morgado ir para o Montepio, Tomás Correia acumulava a presidência da caixa económica com a associação mutualista.

O responsável, que diz “não perceber de onde vêm” as noticiadas necessidades de capital da Caixa Económica, garante que pedir mais capital à associação “não está em cima da mesa”. Ainda assim, se mais capital for necessário e a associação mutualista não tiver condições para o injetar, tem-se especulado que pode haver a entrada de novos investidores no banco. Se essa hipótese surgir, “a mutualista decidiria. Mas não é esse o cenário que antecipo ou sublinho”, garantiu José Félix Morgado.

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Montepio e os capitais negativos: “É um problema que se resolve”

O presidente da caixa económica mostrou-se, também, tranquilo com a situação patrimonial da associação mutualista. “Não sei quais são as fragilidades financeiras da associação mutualista. A associação tem um património bastante largo, em dimensão, tem um conjunto de aplicações diversificadas, de maior e menor liquidez, tem ativos imobiliários e tem participações financeiras. Olhando para o balanço, não consigo identificar onde é que estão as fragilidades financeiras da associação mutualista”, rematou José Félix Morgado, reconhecendo que quando a associação publicar resultados irá ler “com atenção”.