O Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) aprovou o início de um novo curso de Comandos já em abril. Sete meses depois da morte de dois recrutas, o general Rovisco Duarte deu luz verde a uma nova formação de militares para integrarem aquela unidade especial.

A informação foi divulgada em comunicado. No documento, o Exército refere que “a metodologia” certificada no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações “continua a basear-se numa formação exigente tendo por finalidade a obtenção de militares qualificados e com elevado nível de prontidão para atuarem em qualquer cenário, quaisquer que sejam as condições meteorológicas ou o grau de risco”.

Foi, entretanto, elaborado um referencial deste curso, que servirá de base para a formações de militares e que se divide em cinco documentos, que o Exército descreve assim:

  1. Proposta e fundamentação do curso: justifica a necessidade do curso, o seu âmbito e a sua natureza (no âmbito da formação no Exército). Define ainda a duração do curso (em “Dias Úteis de Formação”) e os aspetos relacionados com os formandos;
  2. Perfil do Cargo/Profissional: identifica a tipologia de funções que requerem a frequência do curso, as principais responsabilidades e funções que os formandos que concluam com sucesso o curso poderão assumir;
  3. Perfil da formação: estabelece o processo de transformação das necessidades de formação, obtidas através dos perfis do cargo/profissional em perfis de formação que se dividem no “Plano de Estudos” e na “Especificação da Formação”;
  4. Perfil da avaliação: essencial para regular ou certificar e, de forma global, para o controlo da qualidade da formação, este perfil permitirá avaliar as expectativas e o desempenho de todos os intervenientes diretos no processo formativo, bem como a satisfação e o impacto das competências desenvolvidas.

Em setembro do ano passado, Hugo Abreu e Dylan Araújo da Silva morreram vítimas de golpes de calor quando frequentavam o 127º curso de Comandos. As duas mortes deram lugar a uma investigação criminal por parte do Ministério Público (que ainda está em curso, mas que já resultou na constituição de arguidos) e a três processos disciplinares no Exército.

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Comandos. A recruta e o “carrossel” da morte

Nos últimos meses, fruto das avaliações ao curso de Comandos (e à própria seleção de militares para o curso) que o CEME ordenou, foram anunciadas algumas mudanças. Desde logo, a aposta na formação dos instrutores deste curso, depois de se constatar que os militares responsáveis por dar formação não estavam preparados para fazê-lo. Depois, foram apertadas as regras de seleção de recrutas, com avaliações clínicas mais completas e manifestações de intenção para que o Exército passe a ter acesso aos dados clínicos dos candidatos a recrutas desta força.