O Gabinete de Taiwan para os Assuntos da China Continental apelou esta quinta-feira a Pequim para que respeite a democracia de Taiwan, reconheça a sua existência e não exija condições políticas prévias para os contactos bilaterais. “Manter a paz e estabilidade no estreito da Formosa é a política estabelecida pelo governo desde que assumiu o poder, em 20 de maio passado”, afirmou em comunicado o organismo de Taipé encarregue dos contactos com Pequim.

O comunicado surgiu em resposta ao apelo do primeiro-ministro chinês Li Keqiang para que Taipé aceite o principio “Uma só China”, visto como uma garantia de que a ilha é parte da República Popular e não uma entidade política soberana. A nota emitida por Taipé refere ainda que a China continental deve aceitar as diferenças no desenvolvimento dos regimes políticos de cada lado do estreito de Taiwan e reconhecer e respeitar a existência da democracia e da sua opinião pública. “Só então as relações entre os dois lados do estreito [de Taiwan] poderão desenvolver-se de forma construtiva”, lê-se.

As relações entre Pequim e Taipé atravessam um período de renovadas tensões, desde a eleição da Presidente de Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista, que defende a independência do território.

Uma conversa por telefone entre Tsai e o então presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump que por várias vezes disse que poderia reconsiderar a política “Uma só China”, levou ao pico das tensões. Após essa chamada, o Governo são-tomense anunciou o corte das relações diplomáticas com Taipé e o reconhecimento da República Popular da China, numa decisão que a imprensa estatal chinesa disse tratar-se de um castigo para Tsai.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a reunificação pacífica, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

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