No dia 5 de março de 1953, o segundo adido militar norte-americano na União Soviética, Martin Manhoff, foi até à varanda da embaixada dos EUA em Moscovo e apontou a sua câmara para o acontecimento que apanhou o mundo de surpresa: o funeral do ditador soviético Josef Estaline.

Martin Manhoff, que nessa altura já vivia na União Soviética há mais de dois anos, acompanhou a azáfama gerada pelo funeral com honras de Estado e filmou tudo. Além dos vários militares e também civis, mostram-se filas de autocarros, aviões a atravessar os céus em jeito de parada militar e soldados a cavalo. Além destes anónimos, é possível ver um conjunto de personalidade que caminham junto do caixão de Estaline, coberto com uma bandeira da URSS e com uma janela na zona da sua cara.

Entre os ilustres que acompanhavam o corpo do ditador soviético, contava-se Lavrentiy Beria, fundador da polícia política soviética, ou Nikita Kruschov, o sucessor de Estaline, entre outros. O funeral dirigiu-se todo para o mausoléu de Lénine, onde decorreram as cerimónias fúnebres. Estaline foi sepultado imediatamente ao lado do mausoléu, onde ainda hoje permanece o seu corpo.

As imagens deixam em evidência o apurado sentido fotográfico do norte-americano. Enquanto filma o cenário do funeral de Estaline, é frequente ver como a bandeira dos EUA, alçada na varanda da embaixada e agitada pelo vento, fica por momentos em primeiro plano.

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O arquivo de Martin Manhoff, que foi expulso da União Soviética em 1954 sob acusações de espionagem, era até há pouco tempo desconhecido. Além do funeral de Estaline, o segundo adido militar dos EUA na URSS recolheu também imagens do quotidiano na União Soviética, tanto em Moscovo como noutras cidades e vilas. Até há pouco tempo, estas imagens não tinham sido divulgadas — e só o são agora graças à sorte de um historiador de Seattle, que descobriu os rolos de Martin Manhoff guardados em caixas de cartão numa antiga oficina.

As imagens foram agora divulgadas pela RFE/RL.

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