O antigo primeiro-ministro José Sócrates foi hoje recebido por cerca de 20 estudantes em protesto contra a passagem da Universidade de Coimbra a fundação, considerando o ex-governante responsável pelo regime fundacional. No fim do primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Sociologia, Sócrates falou à comunicação social onde falou não do incidente mas da Operação Marquês, na qual é arguido. José Sócrates criticou o método utilizado pelo Ministério Público nesta investigação que, na opinião do antigo primeiro-ministro, “inverte o processo penal próprio dos estados democráticos” porque “parte de um culpado para descobrir o crime”.

Voltando a referir que a prorrogação do prazo é “um absurdo”, José Sócrates diz que a única razão que encontra para este adiamento é a vontade do Ministério Público em “abrir uma nova frente e lançar mais suspeitas sobre as pessoas” que, “não se podem defender se não conhecerem a acusação”. A Procuradoria Geral da República não deduziu acusação contra o ex-ministro no dia 17 de março, tendo optado por dar mais tempo à investigação apesar de ainda não se saber quanto.

Estudantes insultam Sócrates

“Sócrates ladrão, não queremos a fundação”, gritaram os estudantes, enquanto José Sócrates entrava no auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde discursa hoje à tarde no painel “Haverá uma política apartidária?”, no âmbito do primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Sociologia.

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Os responsáveis pelo protesto marcado para hoje acusam o antigo primeiro-ministro de ser um dos responsáveis pela possibilidade de passagem ao regime fundacional nas universidades portuguesas, por ter sido no Governo de José Sócrates que, em 2007, foi introduzido o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES).

Os estudantes envergavam cartazes onde podia ler-se “Nem RJIES, nem fundação. Não esquecemos o que fizeram em 2007” ou “UC a fundação é mais um prego no caixão”.

Pedro Pinheiro, estudante de Filosofia presente na ação de protesto, sublinhou que foi o Governo de José Sócrates que abriu portas à passagem a fundação das universidades, o que a seu ver pode ser um passo à privatização das instituições do ensino superior.

“Põe em causa a universidade pública, democrática e inclusiva”, sublinhou.

A transformação ou não da instituição em fundação deverá ser discutida no Conselho Geral eleito recentemente, depois de o reitor ter proposto o início do debate da passagem ao regime fundacional em julho.