Os ministros das Finanças da zona euro reúnem-se esta segunda-feira em Bruxelas, num encontro com uma agenda pouco preenchida, mas que deverá proporcionar discussões informais sobre a presidência do Eurogrupo, na sequência dos resultados eleitorais na Holanda.

Com a revisão do programa de assistência à Grécia em “banho maria”, dado não se terem registado progressos nas negociações entre Atenas e os seus credores internacionais ao longo do último mês, o Eurogrupo desta segunda-feira será marcado pelas dúvidas em torno da permanência ou não de Jeroen Dijsselbloem na presidência, ainda que o assunto não esteja na agenda de trabalhos.

O PvdA (Partido do Trabalho, da família socialista europeia), que nos últimos quatro anos governou em coligação com o VVD (centro-direita) do primeiro-ministro Mark Rutte, sofreu uma derrota histórica nas eleições, passando de 38 para nove deputados, pelo que dificilmente fará parte do próximo Governo holandês – ou terá um peso muito relativo numa coligação mais alargada liderada pelo VVD, vencedor do escrutínio -, o que significa que Dijsselbloem deixará de ser ministro das Finanças.

Um alto responsável do Eurogrupo indicou que “o processo de formação de um novo Governo (na Holanda) pode levar algum tempo, e durante esse tempo Jeroen Dijsselbloem manter-se-á como ministro das Finanças de gestão e também como presidente do Eurogrupo”, mas, uma vez formado um novo Governo em Haia, o fórum de ministros das Finanças da zona euro poderá decidir eleger um novo presidente sem esperar pelo final do mandato, no início do próximo ano. “O seu mandato termina em janeiro de 2018 e, se for necessário algo entretanto, caberá ao Eurogrupo decidir”, indicou.

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O mesmo responsável explicou que, legalmente, Dijsselbloem poderá concluir o seu mandato, mesmo não sendo já ministro das Finanças do seu país, já que “o que as regras atuais dizem é que um candidato (à presidência do Eurogrupo) tem que ser ministro das Finanças”, o que sucedia quando o holandês concorreu, em meados de 2015, a um segundo mandato de dois anos e meio, batendo o ministro espanhol Luis de Guindos. No entanto, várias fontes europeias consideram altamente improvável que Dijsselbloem permaneça à frente do Eurogrupo uma vez que perca o cargo de ministro das Finanças holandês, um cenário mais que provável agora, e perante o qual o fórum de ministros da zona euro deverá decidir antecipar a sua sucessão, sem esperar pelo final do mandato.

Já este mês, por ocasião da reeleição do presidente do Conselho Europeu durante uma cimeira em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se favorável a uma mudança “rápida” na liderança do Eurogrupo.

“Podemos contar com Jean-Claude Juncker na Comissão (Europeia) e com Donald Tusk no Conselho, são duas mais-valias que nós temos tido, e esperemos que rapidamente, com a mudança da presidência do Eurogrupo, possamos também ter no Eurogrupo um novo presidente, capaz de dar um sinal positivo para a construção dos consensos que são essenciais para podermos ter uma zona euro mais estável e que seja um fator de união entre todos os países da zona euro”, disse António Costa.

Portugal estará representado na reunião desta segunda-feira pelo ministro Mário Centeno.