O futebol para um apaixonado pela modalidade é algo quase sagrado. Essa paixão provoca nos adeptos um sentimento de pertença a algo e também rivalidades com grupos adversários.

Amor tribal: o que significa?

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Fomos até ao dicionário para ver o que a língua portuguesa nos dizia sobre estas duas palavras que formam este “estado de alma” futebolístico. Portanto, ‘Amor’, entre outros termos e contextos significa “disposição dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém; Entusiasmo ou grande interesse por algo; Ligação intensa de carácter filosófico, religioso ou transcendente; Grande dedicação ou cuidado.

A palavra ‘Tribal’ significa pertença a algo como uma comunidade ou um grupo, por exemplo. Nas palavras do dicionário: “conjunto de famílias que provêm de um ascendente cujo tronco constitui vários ramos”.

É isto que define o ‘amor tribal’ e foi essa a base de um estudo levado a cabo por três investigadores da Universidade de Coimbra. Ao longo de três anos, Catarina Duarte, Miguel Castelo-Branco e Ricardo Cayolla estudaram o cérebro de 56 adeptos apaixonados pelas seus clubes, essencialmente membros de claques oficiais do Futebol Clube do Porto e da Académica de Coimbra.

De acordo com o resumo publicado no site da Universidade de Coimbra, ao longo do estudo, 54 homens e duas mulheres, entre os 21 e os 60 anos, “foram expostos a vídeos emocionalmente intensos, positivos, negativos ou neutros”, para se estudar as suas reações cerebrais. Um dos vídeos positivos para os portistas foi o do golo de Kelvin do FC Porto ao Benfica, na época 2013, que valeu o título.

Confira aqui o momento (se é adepto do FC Porto, irá com certeza arrepiá-lo):

À medida que os adeptos iam sendo expostos às memórias visuais, as reações cerebrais alteravam-se. Isso fez os investigadores concluírem que se tinha observado uma “ativação de circuitos cerebrais de recompensa que são semelhantes aos que são ativados na experiência do amor romântico. E, em particular, “os circuitos de memória emocional são mais recrutados pelas experiências positivas do que pelas negativas”, comentou Miguel Castelo-Branco, coordenador da investigação.

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Esta é uma das imagens apresentadas no estudo, onde são mostradas as zonas onde se evidenciam as alterações

Ou seja, “a paixão tende a prevalecer sobre os conteúdos mais negativos como, por exemplo, de derrota com o rival”. De acordo com o estudo, o cérebro tem a tendência para anular esses momentos negativos da memória emocional.

” O estudo coloca por isso em relevo os aspetos positivos desta forma de amor tribal, e de que o cérebro dispõe de mecanismos para suprimir conteúdos negativos. O cérebro parece, por essa razão, ter mecanismos de proteção contra memórias suscetíveis de levar ao ódio tribal».

O estudo levado a cabo pelos três investigadores do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da Universidade de Coimbra já foi, inclusive, publicado na prestigiada revista de neurociência SCAN.