A bolsa de empréstimos coletiva portuguesa Raize ajudou a financiar mais de 5 milhões de euros em mais de 300 operações, desde o seu lançamento, em 2015. Fundada para ser uma alternativa de financiamento aos bancos, a Raize espera disponibilizar mais de 20 milhões de euros a micro e pequenas empresas portuguesas durante o ano.

“A plataforma funciona como uma bolsa, na medida em que existe uma interação direta entre investidores e PME (pequenas e médias empresas) portuguesas”, explica José Maria Rego, um dos fundadores da plataforma, em comunicado.

Até à data, a plataforma conta com mais de 10 mil investidores registados. O retorno médio bruto dos empréstimos realizados para o investidor está numa taxa de 6%, indica Afonso Fuzeta Eça, cofundador da plataforma.

“Existem alguns fatores que estão a contribuir positivamente para a dinamização da comunidade de investidores, a começar pela oportunidade de investir diretamente nas PME portuguesas, sem barreiras e com uma boa perspetiva de retorno”, explica Afonso Eça. “Na Raize, os investidores sabem sempre quem está a receber o seu investimento e isso é muito valorizado”, acrescenta. É possível investir a partir dos 20 euros por empresa.

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“Para as empresas, trata-se provavelmente da primeira grande experiência de contacto com o mercado de capitais e o feedback que estamos a receber é extremamente positivo: a Raize consegue ser mais rápida, menos burocrática e muito competitiva face aos bancos a aprovar e disponibilizar o financiamento”, sublinha José Maria Rego.

As taxas de juro da bolsa de empréstimo começam a partir de 3% (TANB para empréstimos sem garantia real). As operações de pagamentos e transferências entre as empresas e os investidores são “asseguradas por uma instituição de pagamentos, regulada e supervisionada pelo Banco de Portugal”, explica a empresa.

Em 2015, a Raize foi eleita a “Startup do ano” na Economia Digital pela ACEPI (Associação da Economia Digital) e considerada uma das dez empresas portuguesas mais inovadoras, no âmbito do Prémio Inovação NOS.

Reforçar a transparência, diversificação e segurança

A Raize foi fundada para ser uma alternativa de financiamento aos bancos. Para os fundadores, é “óbvio” que “o modelo do financiamento à economia terá de ser revisto, em particular, nas economias europeias fortemente dependentes dos bancos”.

De acordo com os responsáveis, as pessoas têm “muita força para promover este género de mudanças estruturais”, que, dizem, devem assentar no reforço da transparência, nomeadamente, da informação sobre “aprovação e execução de operações de elevado risco e impacto”, que “deve ser disponibilizada livremente aos investidores e depositantes dos bancos”.

Os fundadores da Raize acreditam ainda que é necessária uma diversificação das formas de financiamento à economia, “com um conjunto mais alargado de agentes, onde se incluem bancos e plataformas como a Raize”, dando como exemplo o Reino Unido, onde o financiamento a PMEs por plataformas de empréstimo representava 14% dos novos empréstimos, em 2015. O modelo no Reino Unido conta com apoio direto do Governo e do Banco de Fomento britânicos, através de investimento direto em PMEs e incentivos fiscais ao investidor.

A par do reforço da transparência e da diversificação das formas de financiamento, os responsáveis sublinham a necessidade de reforçar a segurança. “O modelo bancário do futuro também terá de permitir às pessoas guardarem o seu dinheiro sem risco”, consideram. ” Isto leva-nos a crer que vão surgir no futuro mais ‘bancos cofre’. Isto é, bancos que não emprestam, correm poucos riscos e apenas guardam o dinheiro das pessoas”, notam.