A empreiteira brasileira Odebrecht quer vender os seus ativos no Peru para pagar aos seus fornecedores e iniciar a reparação civil pelo seu envolvimento em casos de corrupção, afirmou esta quinta-feira o representante da construtora brasileira naquele país, Mauricio Cruz.

As declarações de Mauricio Cruz foram publicadas pela revista peruana “Caretas”. O executivo frisou que a empresa brasileira está empenhada em colaborar com a Justiça peruana sem objeções “com a intenção de poder vender e pagar todos os credores, provedores, trabalhadores e a reparação civil. Para ficar no zero”.

Apesar de dizer que a empreiteira quer cooperar para sanar as suas pendências no Peru o representante alegou que um decreto de urgência do Governo do Peru, que determinou o controlo dos ativos da Odebrecht e congelou todas as vendas dos seus ativos, está a atrapalhar este plano. Maurício Cruz lamentou que o Governo peruano não tenha autorizado, até ao momento, o pedido da Odebrecht para ceder as suas concessões no projeto de irrigação de Olmos, que abrange 43500 hectares de cultivos no litoral norte do Peru.

A empresa também contesta a proibição de usar 100 milhões de sóis (28,5 milhões de euros) para o pagamento dos diversos credores que não têm ligação com os casos de corrupção.

“O congelamento e os embargos contra a Odebrecht estão evitando o pagamento de grande parte de seus credores nacionais e internacionais nas últimas semanas, colocando em risco a continuidade dos projetos e aumentando o risco de insolvência de duas centenas de credores”, afirmou o executivo.

Segundo Maurício Cruz, a Odebrecht tem 560 fornecedores e 7.000 trabalhadores na fila de espera para receber os seus salários e benefícios sociais. “Não há nenhuma maneira do Governo [do Peru] assumir esta dívida. O problema é a curto prazo. Se a venda de Olmos não for aprovada em alguns dias teremos que cancelar os contratos com prestadores”, argumentou.

Outro ponto destacado pelo representante da Odebrecht no Peru é o facto de a companhia ser solvente já que tem sete concessões no país e um património que equivale a 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros). O executivo também criticou o Governo peruano, que na avaliação dele criou um sistema para “sufocar e matar” a Odebrecht.

“Devemos estar conscientes dos danos que o radicalismo está causando e causará. É ingénuo pensar que a Odebrecht inventou a corrupção e a importou para o Peru. A forma como o assunto está sendo tratado no Peru não é correta. Na Europa e nos Estados Unidos, que lutam contra a corrupção há décadas, as empresas corruptas são punidas, mas não liquidadas”, concluiu.

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