As modas são cíclicas e têm-nos presentado com boas doses de nostalgia, como as calças à boca de sino, as permanentes ou os fatos de banho em vez dos biquínis. Agora a tendência é mais surpreendente: parece que os pelos na zona púbica voltaram, em nome do naturalismo dos anos 70, e até já há implantes para quem aderiu à depilação definitiva íntima há uns anos e se arrependeu.

Há pelo menos quatro décadas que temos vindo a adotar mil e uma formas de depilação nesta área do corpo, desde os designs mais arrojados à depilação total. Enquanto nas culturas ocidentais a tendência tem sido para eliminar o máximo possível, em alguns países asiáticos, pelo contrário, os pelos são sinal de feminilidade e até mesmo considerados sensuais. O mítico episódio do filme Sexo e a Cidade em que Samantha fica chocada com os pelos de Miranda na piscina mostra como, na nossa cultura, pelos e sexy não se conjugam na mesma frase.

A questão que já se tinha colocado — sobretudo por questões de saúde e a ideia de que se os pelos estão lá é porque fazem falta– é se esta vibe meio hippy alguma vez iria regressar e a resposta é mais do que positiva. Na verdade, os pelos têm vindo a ganhar um destaque cada vez maior na forma como as mulheres se sentem femininas, bonitas e sensuais. Em Nova Iorque, três jovens amigas criaram o ano passado uma marca de cosmética — Fur — que se foca numa linha de produtos naturais para a pele da zona púbica e os pelos da vagina. O sucesso é tal que há lista de espera para alguns.

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Em 2015, a revista Cosmopolitan falava numa tendência de nicho que poderia, ou não, estar a vingar: o chamado “full bush” (arbusto cheio) onde os pelos queriam mesmo ser-se vistos a “fugir” do biquíni. A ideia era mesmo deixar-se um “montinho” percetível por baixo das cuecas do fato-de-banho. E esta moda não caiu de paraquedas. Já em 2014, a famosa marca American Apparel tinha colocado manequins “peludos” nas suas montras, numa tentativa de apelar à beleza natural feminina no seu todo, onde sexy e conforto podem andar juntos.

E embora possamos pensar que a maioria das mulheres quer estar depilada, a realidade pode ser outra. Um estudo realizado pela empresa farmacêutica UK Medix em 2013 concluía que 51% das mulheres não depilava a zona púbica e preferia ver-se com pelos. E mais: 62% afirmava que os seus parceiros preferiam vê-las ao natural. No entanto, com a massificação do laser e da luz pulsada, as depilações definitivas tornaram-se uma tendência, principalmente porque, no verão, ninguém quer estar preocupado diariamente com o seu “full bush” a fugir do fato-de-banho.

Depilação íntima: tirar tudo ou não, eis a questão

O impacto da cultura popular

Quando, em 2013, a supermodelo Kate Moss se fotografou nua para a revista LOVE com pelos, as redes sociais explodiram com adesão a esta tendência. E após ser eleita a mulher mais bonita do mundo pela revista People, a atriz Gwyneth Paltrow afirmou ser seguidora da “seventies vibe”, o que voltou a trazer o “pelos ou não pelos, eis a questão?” para cima da mesa.

No seu livro “The Body Book”, a atriz Cameron Diaz falou diretamente para as mulheres que optam por depilação definitiva sem pensarem no futuro e deixou mais um apelo à beleza natural… lá em baixo.

Vocês querem mesmo ter uma vagina sem pelos para o resto da vossa vida? É uma decisão pessoal, mas estou apenas a deixar o tema no ar: considerem deixar a vossa vagina vestida, senhoras. Daqui a 20 anos, vocês ainda vão querer apresentá-la a alguém especial e seria bom deixá-lo ou deixá-la desembrulhá-la como o presente que ela é.”

Mas será que a tendência está a alastrar à Europa e, acima de tudo, a Portugal? Afinal, sim.

Já se fazem implantes capilares na zona púbica

Uma das grandes preocupações da mulher é, sem dúvida, a vagina. E depois das cirurgias íntimas para rejuvenescimento, por exemplo, as portuguesas já estão a preocupadas em corrigir o que em tempos fizeram aos seus pelos — seja por problemas de saúde como a Atricose (ausência anormal de pelos), seja para retocar falhas causadas pela depilação a laser, houve um aumento na procura de transplante de pelos púbicos registado nas clínicas da DHI Global Medical Group (representadas pela Attica Clinic em Lisboa e Porto).

Isabel Soares, diretora clínica da DHI em Portugal, afirma que “depois de uma época em que existia uma maior procura para a depilação integral, encontramos agora um aumento de procura para retocar as zonas que ficaram menos atraentes, até porque, sobretudo a partir da menopausa, as mulheres começam a dar sinais de perda capilar”.

Esta técnica de transplante “Direct”, que também se aplica no transplante de pelos púbicos, é a menos invasiva no mercado e já foi realizada por mais de 200 mil pessoas em todo o mundo (em Portugal o número ronda as 600 intervenções) e garante um resultado 100% natural, máxima densidade no pelo e maior taxa de sobrevivência folicular (97%).

Se, um dia, queríamos todas ter a depilação “à brasileira”, 2017 surge-nos como um ano de mudança e, acima de tudo, de um regresso às origens. Se está farta do tempo que perde a fazer a depilação, esta é uma boa notícia: os pelos estão definitivamente de volta. E se já não os tem, sempre pode voltar a tê-los.