Caros responsáveis pela Toyota em Portugal, eis algo que também nós gostaríamos de ver no nosso país: publicidade aos modelos da marca não num qualquer outdoor, mas sim em placares em vinil revestido a dióxido de titânio, que a marca acaba de introduzir nos EUA, para o lançamento do novo Mirai, alimentado por uma célula de hidrogénio. Outdoors esses que, além da tradicional função de publicidade, aspiram os óxidos de nitrogénio (NOx) emitido pelos automóveis, tornando assim a atmosfera mais limpa.

Esta solução está prestes a ser implementada em cidades como Los Angeles e São Francisco, já a partir do início de Abril, com a montagem de 37 painéis publicitários, os quais abarcarão, no conjunto das duas cidades, um total de 2.318 m2. Área suficiente para, segundo a Toyota, “engolir” o equivalente ao NOx emitido mensalmente por 5.285 veículos.

De resto e no lançamento desta nova campanha publicitária, que teve lugar durante o primeiro Environmental Media Association Impact Summit, na última quinta-feira em Beverly Hills, Los Angeles, a Toyota chegou mesmo a embrulhar uma unidade Mirai em vinil revestido a dióxido de titânio (TiO2).

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Contudo, revestir superfícies expostas aos elementos com dióxido de titânio, como forma de capturar os gases NOx, não é algo propriamente novo. Já em 2008, o Lawrence Berkeley National Laboratory emitia um relatório, denominado “Evaluation of Titanium Dioxide as a Photocatalyst for Removing Air Pollutants”, para entrega à Comissão de Energia da Califórnia, no qual podia ler-se que “a utilização disseminada de nanopartículas de dióxido de titânio nos materiais de construção, assim como nas estradas, paredes isolantes e outros, é algo que os autores desta tecnologia propõem, ainda que a eficácia desta abordagem seja, para já, incerta”.

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Apenas há cinco anos, a plataforma para profissionais da construção ThomasNet recordava que o dióxido de titânio já era utilizado em produtos como as pastas de dentes e tinta branca. Isto, ao mesmo tempo que explicava que “o NOx, sendo um componente primário do fumo, é também um dos contaminantes tornado inofensivo pelo TiO2”.

“A reacção despoletada com a conjugação do dióxido de titânio, a luz ultravioleta e o vapor de água, acaba por transformar o NOx que se encontra no ar num nitrato que, muito provavelmente, não será totalmente neutral, mas certamente será melhor para a qualidade do ar”, esclarecia a mesma plataforma. Ainda que salientando que “demasiado nitrato nos lençóis freáticos tem sido tenuamente relacionado com a metemoglobinemia, ou síndroma do bebé azul, em crianças, particularmente em áreas onde existem grandes concentrações de nitratos oriundos de fertilizantes”.

Colocando um pouco de lado este último aspecto, que à partida não se porá no caso dos outdoors – ou que poderá ser anulado com um sistema de recolha dos ditos nitratos –, fica a questão: para quando a instalação destes painéis de publicidade em Portugal, senhoras e senhores da Toyota? E, já agora, que venham juntamente com o carro, que produz a energia eléctrica com que carrega a bateria a partir das células de combustível (fuel cells) a hidrogénio que transporta a bordo.