As catástrofes naturais que têm atingido o Peru resultam das alterações climáticas, que se têm vindo a intensificar há décadas em todo o mundo, afirmou, no sábado, a diretora do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) no país.

Em entrevista à Rádio Programas do Peru, Patricia Leon-Melgar apontou que o impacto do fenómeno ‘El Niño’, que provocou chuvas torrenciais, transbordo de rios, inundações e deslizamentos de terras no país nas últimas semanas, tem sido causado pelo aquecimento global.

As inundações no Peru deixaram desde dezembro pelo menos 85 mortos, 270 feridos, 20 desaparecidos e aproximadamente 800 mil afetados.

Patricia Leon-Melgar recordou que os glaciares do planeta perderam cerca de 40% da sua cobertura e que os padrões da chuva tradicional mudaram, levando a alterações nas épocas de cultivo e de colheita.

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Segundo a representante da WWF no Peru, a intensificação do processo de alterações climáticas significa que a comunidade científica tem menos capacidade para prever fenómenos climatológicos.

Leon-Melgar advertiu que a manter-se ao mesmo ritmo este processo de degradação do clima, a humanidade vai enfrentar mais secas, incêndios florestais e inundações, instando a esforços de prevenção urgentes.

A mesma responsável afirmou que a falta de um plano urbanístico e de prevenção agravaram a situação no Peru, causando graves danos em casas, autoestradas, campos de cultivo e infraestruturas públicas.

Segundo a Proteção Civil do Peru, foram registados danos em 153.329 casas, 1.250 escolas, 509 pontes e em 7.500 quilómetros de estrada.

As inundações registadas em 11 regiões foram causadas pelas piores chuvas registadas nas duas últimas décadas no Peru.

As chuvas inesperadas foram seguidas de tempestades, que atingiram fortemente a costa do país, na sequência do aquecimento da superfície das águas no Oceano Pacífico.

Em 1998, morreram 374 pessoas no Peru, na sequência de um período semelhante de precipitação intensa e cheias atribuídas ao fenómeno ‘El Niño’.