Para lá chegar é preciso apanhar um voo para a Polinésia francesa, sensivelmente a meio caminho entre a América do sul e a Austrália. Ali chegado, e com uma carteira aligeirada em alguns milhares de euros, há que apanhar um voo privado de cerca de 20 minutos até à ilha de Tetiaroa, no Taiti. Essa viagem — que pressupõe muitas, muitas horas de voo — é a parte fácil. Difícil será suportar os custos de uma estada na ilha paradisíaca que o antigo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, escolheu para passar algumas semanas de “desintoxicação”, depois de oito anos ao comando do país.

O exílio de Obama teve uma breve, ainda que eficaz, interrupção. Horas antes de o Congresso norte-americano votar o fim do ObamaCare, o antigo presidente divulgou um comunicado sobre o sistema de proteção na saúde que ajudou a batizar. Oficialmente, a nota foi lançada para assinalar o sétimo aniversário do sistema.

“O nosso ponto de partida deveria ser o de que qualquer mudança seja para melhorá-lo e não para torná-lo pior para milhões de trabalhadores norte-americanos”, dizia o texto. O texto foi eficaz porque conseguiu aquilo que já se admitia impossível: a rejeição do ObamaCare foi travada antes mesmo da votação, com receios de que, mesmo no Partido Republicano, não houvesse força suficiente para fazer cair o diploma.

Fora essa aparição momentânea, os dias de Barack Obama têm sido preenchidos de descanso e atividades lúdicas. O El País recuperou os passos que o antigo presidente deu nos últimos tempos, desde que passou o testemunho da presidência a Donald Trump, a 20 de fevereiro.

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Há uma semana instalou-se em Tetiaroa (no Google Maps, a ilha é um pequeníssimo ponto de um azul intenso, algumas dezenas de quilómetros a norte da Polinésia Francesa). Até lá chegar, esteve na casa de James Costos, antigo embaixador dos EUA, em Palm Springs (na Califórnia). De passagem por Nova Iorque, seguiu com a mulher, Michele Obama, para as Ilhas Virgens. Com um desvio pela ilha privada do empresário Richard Branson, com quem aprendeu um novo desporto. E, por fim, o descanso no paraíso.

As fotos de Obama a aprender kitesurf com o milionário Richard Branson

De Palm Springs à ilha privada de Branson, onde vão estar de férias os Obama

É aí que começa a parte difícil para o comum dos mortais. A estada em Tetiaroa custa entre 2.600 e 12.300 euros — dependendo de estarmos a falar de duas noites numa suite para uma pessoa na época baixa ou de uma “villa” para seis, durante cinco noites. Taxas não incluídas.

Os preços do “The Brando” — como é conhecida a estância construída na ilha que o ator americano comprou — vêm com direito a piscina exclusiva para cada “villa”, serviço de spa e uma série de desportos náuticos com que o próprio Obama já se foi familiarizando nas últimas semanas.

A agenda de Obama não está, no entanto, vazia. O ex-presidente e a mulher estão a preparar um livro autobiográfico (ou dois, dependendo de escreverem as memórias em conjunto ou separado) que renderá ao casal cerca de 60 milhões de euros. A incerteza quanto ao pormenor do relato de oito ano de experiências na Casa Branca é compensado pela certeza da publicação: o livro sai no próximo ano.