O Banco Mundial vai retomar o apoio ao Orçamento do Estado moçambicano este ano, prevendo investir cerca de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,9 mil milhões de euros) nos próximos cinco anos, anunciou o representante da instituição.

“A política do Banco Mundial enfatiza o apoio ao Orçamento do Estado e pretendemos retomar numa proporção mais forte e esperamos que isso aconteça até ao fim do ano ou muito antes”, afirmou Mark Lundell, citado esta quarta-feira pelo Notícias, o principal diário de Moçambique.

O Banco Mundial, prosseguiu, tem, para os próximos cinco anos em Moçambique, uma carteira de 25 projetos em 17 áreas estratégicas, 11 das quais relacionadas com prioridades de desenvolvimento.

“É um investimento de aproximadamente dois mil milhões de dólares e cada projeto poderá ter um orçamento que varia entre 10 [9,2 milhões de euros] e 80 milhões de dólares [74 milhões de euros]”, disse Mark Lundell.

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Lundell considerou que a ajuda da sua instituição a Moçambique contribuiu para um crescimento económico robusto, admitindo, contudo, que o mesmo não teve o impacto esperado na melhoria das condições de vida da população moçambicana.

Nesse sentido, o representante do Banco Mundial em Moçambique afirmou que o próximo programa de ajuda ao país terá incidência em áreas com impacto na redução da pobreza.

“Temos em vista ações de desenvolvimento de estradas secundárias e melhoria da produtividade do setor agrário, prestando mais atenção aos pequenos produtores”, acrescentou Mark Lundell.

O Banco Mundial suspendeu a cooperação financeira com Moçambique, após a descoberta, em abril, de empréstimos superiores a mil milhões de euros contraídos pelo anterior Governo moçambicano, entre 2013 e 2014, à revelia da Assembleia da República e dos doadores internacionais.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e os principais doadores do Orçamento do Estado moçambicano também congelaram a sua ajuda ao país, condicionando a retomada do apoio à realização de uma auditoria internacional à dívida pública.

Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República de Moçambique anunciou que a filial britânica da consultora norte-americana Kroll pediu mais 30 dias para concluir a auditoria à dívida de Moçambique, devendo entregar os resultados do trabalho em finais de abril.