O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, manifestou-se esta quarta-feira confiante de que os estudantes portugueses no Reino Unido poderão continuar a estudar no país, “sem problemas”, face à saída do país da União Europeia (UE).

“Relativamente ao processo que agora se inicia (Brexit), estou certo de que a União Europeia e o Reino Unido encontrarão formas de preservar os interesses dos seus cidadãos, os que estão aqui na Europa continental e da mesma forma os cidadãos da União Europeia que estão agora no Reino Unido e que aí são uma força de trabalho importante para concretizar a economia britânica”, afirmou Tiago Brandão Rodrigues, que entre 2010 e 2015 viveu e trabalhou naquele país como investigador.

O governante frisou que os estudantes “não são trabalhadores” e encontram-se no Reino Unido por período limitado e balizado. “Os estudantes que estão agora a estudar no Reino Unido, tenho a certeza de que poderão continuar a estudar sem problemas”, afirmou.

“As instituições de ensino superior britânicas precisam, quer dos estudantes da Europa continental – porque tradicionalmente receberam estudantes de todo o mundo e têm todos os processos muito bem oleados para continuarem a receber estudantes de todo o mundo -, quer sejam da UE ou de outra parte do mundo”, declarou.

Tiago Brandão Rodrigues sublinhou que a Academia britânica se alimentou, durante séculos, “de forma muito positiva” de académicos, de investigadores de toda a Europa, do mundo inteiro, o que “acontecerá com naturalidade” depois do Brexit. O ministro, que foi investigador na Universidade de Cambridge, falava aos jornalistas à margem de uma visita à Futurália, uma feira dedicada às ofertas de ensino, em Lisboa, durante a qual acompanhou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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Questionado sobre medidas de Portugal para fazer face à decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia, Tiago Brandão Rodrigues disse que o processo de negociação está agora a acontecer e que deve ser feito a 27, para que a relação com aquele país seja “o mais simbiótica possível”.

“O que podemos fazer relativamente ao Reino Unido é negociar em bloco, por forma a que a coesão europeia não seja afetada. Relativamente a todas as oportunidades que Portugal poderá encontrar, estamos a trabalhar para isso, mas é prematuro poder falar e mostrar todos os esforços que estamos a fazer”, declarou.

Admitiu, no entanto, que muitas empresas de vários setores querem continuar a operar na União Europeia (EU) e que, estando o Reino Unido fora da UE, Portugal se encontra “num local privilegiado, no mesmo fuso horário, e com condições privilegiadas para receber empresas” que agora estão naquele país e que querem continuar a operar na UE.

O Reino Unido entregou esta quarta-feira em Bruxelas a carta que formaliza a ativação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, com vista à concretização do processo de saída da União Europeia, ditada pelo referendo de junho de 2016.