A Infraestruturas de Portugal está a trabalhar com os municípios na modernização da linha do Vouga, revelou esta quinta-feira à Lusa a autarquia de Aveiro, mas o PCP propôs no Parlamento uma intervenção profunda que reponha a ligação a Viseu.

Em causa está a modernização do material circulante, a melhoria das condições de segurança da via e a atualização das paragens, tendo em conta o desenvolvimento urbano, entretanto registado ao longo do percurso centenário.

O presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, revelou que, no caso do seu município, está a ser tratada “a revisão das passagens de nível com guarda” e a colocação das paragens “o mais próximo possível do sítio onde vive mais gente, para que a solução comboio seja atrativa”.

A modernização da Linha foi assumida pelo Governo como prioridade no grupo das pequenas obras ferroviárias, com uma dotação financeira de oito milhões de euros, mas o PCP defende uma intervenção mais profunda, que reponha a ligação a Viseu, partindo da Linha do Norte em Aveiro e Espinho.

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Com esse objetivo, apresentou na Assembleia da República uma proposta que baixou quarta-feira à comissão parlamentar de economia, inovação e obras públicas, onde explicitamente se recomenda ao governo que “elabore, até ao final do corrente ano, envolvendo os municípios e as populações, um Plano de Requalificação e Modernização da Linha do Vouga, designadamente da ligação Sernada do Vouga-Viseu” bem como de Aveiro a Espinho, dando prioridade à ligação Sernada do Vouga-Oliveira de Azeméis”.

Construída pela Companhia Francesa de Construção e Exploração de Caminhos-de-ferro, sob autorização do então ministro do reino, João Franco, a Linha do Vouga começou a ser construída em 1907, sendo o primeiro troço inaugurado no ano seguinte pelo Rei D. Manuel II. A exploração até à estação de Sernada do Vouga iniciou-se em 1911 e chegou a Viseu em 1914, numa extensão total de 175 quilómetros, incluindo o Ramal de Aveiro.

Ainda antes do 25 de abril foi desmantelado o troço entre Sernada do Vouga e Viseu, “um erro estratégico” segundo o PCP, ficando apenas com 97 quilómetros nos dois ramais, entre Aveiro/Águeda/Sernada e Sernada/ Santa Maria da Feira/Espinho. Devido à degradação da Linha e a um desabamento de terras, em 2013, a ligação entre Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis passou a ser feita de autocarro e atualmente, segundo o PCP, o percurso já só é assegurado de táxi.

“Importa lembrar que, embora a liquidação desta linha centenária fizesse parte do chamado “Plano Estratégico de Transportes” do Governo PSD/CDS, a contestação e a luta da população impediram o seu desaparecimento”, salienta o PCP na proposta de recomendação, criticando a degradação e o desinvestimento a que a Linha do Vouga foi sujeita.