O candidato da direita às presidenciais francesas, François Fillon, considerou esta sexta-feira “fantasmas” as acusações de que a Rússia interfere nas eleições e reafirmou a intenção de “estabelecer um diálogo sério e franco” com Moscovo.

Numa conferência de imprensa consagrada ao seu programa eleitoral em matéria de defesa e política externa, Fillon defendeu a procura de um acordo com a Rússia para garantir a segurança da Europa, num momento em que a prioridade é, disse, combater “o totalitarismo islâmico”.

A Rússia “é um país perigoso” e o regime russo “não é idêntico às democracias ocidentais”, mas fazer da Rússia um adversário “não é inteligente” porque, “agora, a principal ameaça para a Europa não é a Rússia, é o extremismo islâmico”.

“Devemos evitar os fantasmas”, disse, em resposta a uma pergunta sobre as acusações de ingerência russa nas presidenciais francesas, feitas nomeadamente pelo presidente da comissão de Serviços de Informações do Senado de França.

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“Há interferências que cheguem e que não são bem-vindas nesta campanha eleitoral para ir à procura delas na Rússia”, acrescentou, referindo-se indiretamente aos problemas judiciais que enfrenta sobre a alegada criação de empregos fictícios para a mulher e dois filhos, que tem afirmado ser uma conspiração contra a sua candidatura.

Questionado sobre a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, em 2014, François Fillon considerou que o problema deve ser abordado na esfera da ONU.

“Há uma ordem internacional, uma Organização das Nações Unidas, e é no âmbito das Nações Unidas que a questão da Crimeia deve ser resolvida. Não cabe a este ou aquele país ter iniciativas ou reconhecer a anexação. E não será esse o caso de França, que respeita a legalidade internacional”, disse.

O candidato, terceiro nas sondagens, repetiu várias vezes a importância do combate ao radicalismo islâmico, sustentando que a Europa tem de olhar por si e ser mais autónoma. “A ameaça do totalitarismo islâmico, juntamente com o enfraquecimento da Aliança Atlântica através da retórica do presidente [norte-americano, Donald] Trump e de sinais contraditórios, obriga-nos a rever as nossas alianças e a olhar de novo para a questão da defesa europeia, que foi negligenciada tempo demais”, afirmou.

A ideia não é construir uma defesa europeia paralela à NATO, mas antes que todos os países apostem numa maior cooperação e envolvimento, designadamente financeiro, afirmou, prometeu aumentar o orçamento de defesa para 2% do PIB, contra os atuais 1,8%.

A primeira volta das presidenciais francesas, a que concorrem 11 candidatos, realiza-se a 23 de abril. Os dois mais votados, que segundo as sondagens deverão ser a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, e o candidato independente Emmanuel Macron, disputam uma segunda volta a 7 de maio.