A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, acusou esta sexta-feira as Forças de Defesa e Segurança (FDS) de terem raptado, na quinta-feira, três membros da organização no distrito de Mogovolas, norte do país, tendo mais tarde libertado apenas um.

Em declarações à Lusa, o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), António Muchanga, afirmou que efetivos das FDS levaram da sede do partido no posto administrativo de Macusse, a chefe da Mobilização, na zona, Inês Manuel, mais dois acompanhantes, para a mata, tendo libertado aquela militante, mediante o pagamento de 10 mil meticais (cerca de 140 euros).

“Exigiram que cada um dos três pagasse 10 mil meticais. Como apenas a Inês Manuel pagou, ela foi libertada, e os outros dois membros do partido continuam desaparecidos”, afirmou Muchanga. A Renamo, prosseguiu o porta-voz do principal partido da oposição em Moçambique, comunicou o sucedido à polícia em Nampula.

Na sexta-feira da semana passada, a Renamo acusou pessoas desconhecidas de terem matado na quinta-feira o chefe da Organização do partido no distrito de Tsangano, centro de Moçambique, João Abrão. Segundo o porta-voz do partido, o chefe de Organização da Renamo terá sido sequestrado em casa, à noite, na localidade de Mapanje, província de Tete, por pessoas que se faziam transportar numa viatura branca e o seu corpo foi encontrado crivado de balas na serra de Nhodola, a poucos metros da vila de Tsangano. A polícia moçambicana ainda não se pronunciou sobre os dois casos.

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Apesar de não se conhecerem os autores do homicídio do quadro da Renamo em Tsangano, os assassínios políticos foram uma das marcas durante os confrontos entre as FDS e a Renamo, na vaga de violência política que se seguiu depois das eleições gerais de 2014 até às tréguas em vigor desde dezembro.

No início deste mês, o presidente da Renamo anunciou a prorrogação da trégua – em vigor desde dezembro – nos confrontos com as FDS por mais 60 dias, manifestando confiança num acordo definitivo. As negociações têm como pontos de agenda a desmilitarização da Renamo, despartidarização das FDS e a elaboração de uma proposta de lei visando a descentralização das províncias do país.

A paz em Moçambique tem estado sob permanente ameaça nos últimos anos, devido a clivagens entre a Frelimo e a Renamo. Entre 2013 e finais de 2016, o país foi assolado por ações de violência opondo a FDS e o braço armado da Renamo, no âmbito da contestação do processo eleitoral de 2014 pelo principal partido da oposição.