O Equador vai conhecer este domingo o seu próximo Presidente. É possível que seja Lenín Moreno, o candidato da continuidade de esquerda, mas uma surpresa não está fora do baralho. Em contra-ciclo com a (ainda) tradição da América Latina, Guillermo Lasso, confesso homem de negócios, saiu da primeira volta como rival de Moreno, que foi vice-presidente de Rafael Correa. Moreno não conseguiu os 50% necessários para ser eleito à primeira volta, apesar de ter batido Lasso por dez pontos. A questão é que mais de 60% dos cidadãos decidiram não votar em Moreno, o que quer dizer que Lasso até pode ter alguma hipótese.

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A economia do Equador está cair, a par com o petróleo. Além disso, uma crescente fatia da população está cansada do regime restritivo da “esquerda chavista” e algumas minorias indígenas sentem-se pressionadas pelo governo a ceder as suas terras às companhias chinesas de extração de minério.

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Mas além dos problemas dos 15 milhões de equatorianos, há um outro cidadão, um australiano que, do outro lado do mundo, em Londres, estará a seguir com atenção o desenrolar da votação. Julian Assange, o fundador do site WikiLeaks, está há quatro anos e meio fechado na embaixada do Equador em Londres, país que lhe concedeu asilo com base da alegada possibilidade de que viesse a ser preso por ter revelado, num dos primeiros escândalos mundiais do site, documentos relativos às ações das forças norte-americanas no Iraque.

É nisto que Assange sustenta o seu pedido de asilo político, no medo de que os Estados Unidos o prendam. Oficialmente, contudo, Assange está indicado por crimes de abuso sexual, cometidos na Suécia, e é essa a razão indicada pelas autoridades para o prenderem, caso ele se ausente da embaixada do Equador.

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Tudo bem se Moreno vencer mas Lasso disse que “o senhor Assange seria convidado cordialmente a sair da embaixada trinta dias depois de assumirmos mandato”. Lenin Moreno disse que Assange, continuaria a ser bem-vindo desde que, nas suas ações e declarações públicas, “mostrasse respeito pelos países que são amigos e irmãos” do Equador.

Os advogados de Assange mostraram-se apreensivos. “Estamos claramente muito preocupados que um candidato possa ameaçar levantar a proteção que o Estado do Equador ofereceu ao Julian”, disse Jennifer Robinson, uma das suas advogadas no Reino Unido, acrescentando que o país o recebeu como refugiado e que a sua proteção é protegida pela Lei Internacional.