A agência de notação financeira Standard & Poor’s prevê que Angola ultrapasse a África do Sul como o país que vai endividar-se mais este ano, antecipando dívidas no valor de 15 mil milhões de dólares.

“Angola ultrapassou a África do Sul e vai tornar-se o país com maior endividamento em 2017; a África do Sul deve emitir 12,4 mil milhões de dólares, Angola 15 mil milhões e a Nigéria 7,4 mil milhões de dólares”, escrevem os analistas da S&P numa nota de análise ao mercado africano subsaariano.

No documento enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta agência de ‘rating’ estimam que estes três países, que representam as três maiores economias da África subsaariana, “devem emitir a grande maioria da dívida comercial do Governo, de cerca de 35 mil milhões de dólares, ou seja, aproximadamente 82% do total”.

A dívida pública de Angola e da Nigéria, apontam, tem uma maturidade média mais curta que a da África do Sul.

No total do ano passado, dizem os analistas da S&P, a emissão de títulos de dívida pública inclinou-se mais para o mercado interno do que para o mercado externo, com apenas Moçambique, Gana e África do Sul a acederem aos mercados internacionais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Esperamos que isto volte acontecer em 2017, apesar de a Nigéria ter confirmado que iria aos mercados internacionais”, com o objetivo de angariar 500 milhões de dólares para financiar o Orçamento do Estado, afetado pela descida do preço do petróleo nos mercados internacionais e pela consequente diminuição das receitas fiscais.

As emissões do ano passado, lembram os analistas da S&P, “tiveram um preço, com as taxas de juros médias a ultrapassar os 9%, bem acima da média de 6% de que estes países gozaram entre 2013 e 2015”.

Olhando para a totalidade dos países da África subsaariana, a S&P estima que o nível de endividamento dos países africanos vá cair 19%, para 43 mil milhões de dólares por causa das desvalorizações cambiais e das dificuldades económicas destes países.

“A S&P Global Ratings prevê que os 17 países da África subsaariana, cujo crédito soberano avaliamos, vão pedir emprestado o equivalente a 43 mil milhões de dólares de fontes comerciais de longo prazo, o que representa uma queda de 19% face à emissão de dívida no ano passado”, diz o relatório enviado aos investidores.

No documento, a que a Lusa teve acesso, a S&P atribui esta descida “à forte depreciação das moedas nacionais e às dificuldades económicas, que obrigaram os países a abrandar o ritmo” de pedido de empréstimos ou de emissões de dívida pública.