O secretário de Estado da Administração Interna garantiu este domingo que a campanha de combate a incêndios de 2017 “não está em risco”, embora admita preocupação pelo diferendo que opõe alguns pilotos e a empresa de meios aéreos Everjets.

Jorge Gomes reagia, em declarações à agência Lusa, ao facto de um grupo de pilotos ter alertado que a campanha de combate a incêndios de 2017 estava em risco, porque a Everjets ainda não regularizou os pagamentos salariais de 2016, levando estes profissionais a avisar que não voam nestas condições.

“É óbvio que nos preocupa que uma prestadora de serviços (Everjets) não cumpra com as suas obrigações”, disse Jorge Gomes, reiterando, contudo, que isso não compromete, nem coloca em risco a campanha de combate a incêndios deste ano, até porque “há muitas alternativas”.

O secretário de Estado disse “desconhecer” a questão relativa a atraso no pagamento a alguns pilotos, precisando que compete à Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) fazer o acompanhamento da “situação” nas empresas ligadas ao setor, como é o caso da Everjets.

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De todo o modo, Jorge Alves realçou que “não está em causa o contrato assinado entre a Everjets e o Estado”, assegurando que o novo dispositivo de combate a incêndios está aprovado e pronto a avançar.

Entretanto, fonte ligada ao setor assegurou que os montantes em dívida para com alguns pilotos, referentes ao mês de setembro de 2016, serão saldados logo que a Everjets receba o dinheiro da venda recente de dois aviões, incluindo um Airbus que estava a operar na Madeira.

Antes, o presidente do Conselho de Administração da empresa Everjets assumiu à agência Lusa “estar em falta” o pagamento de 300 mil euros a cerca de 25 destes pilotos, contratados a recibos verdes, mas assegurou que “não está em risco” a campanha deste ano.

Segundo Ricardo Dias, a campanha de 2017 terá os pilotos e os meios aéreos (35 pilotos e 25 helicópteros) para “cumprir integralmente as obrigações” assumidas no contrato de quatro anos firmado com o Estado, em 2103, após ter vencido o concurso público.

Por seu lado, o porta-voz do grupo de pilotos, que pediu para não ser identificado, denunciou ainda à Lusa que a Everjets deve cerca de um milhão de euros a três empresas que fornecem metade dos helicópteros ligeiros, e que estes fornecedores não vão enviar os meios aéreos até que a dívida referente à campanha de 2016 seja paga.

Em resposta escrita enviada à Lusa, a Everjets disse que “está em vias de regularizar a situação”, esperando também pagar até meados de abril aos pilotos, que são contratados individualmente ou através de empresas de prestação de serviços.

Além da questão dos pagamentos em atraso, o grupo de pilotos diz que vai estar “alerta e vigilante” quanto às contratações que a Everjets venha a realizar, nomeadamente se as tripulações reúnem todos “os exigentes requisitos” para operarem no combate aos fogos. Estarão igualmente atentos sobre se os helicópteros ligeiros estão equipados “com todos os pré-requisitos” exigidos no contrato.

Ricardo Dias explicou que alguns dos pilotos empenhados na campanha de fogos florestais são dos quadros da empresa, que detém também alguns dos helicópteros ligeiros necessários.

Além das dívidas aos pilotos e aos fornecedores dos helicópteros, a Everjets tinha uma outra com a BP, que fornece o combustível, a qual, segundo a empresa, “já se encontra regularizada, tendo sido paga por estes dias a última parcela”.

A Everjets e o Estado assinaram um contrato em 2013, válido até este ano, no valor de quase 40 milhões de euros, para a operação e manutenção destes helicópteros ligeiros, o que leva estes pilotos a questionarem a falta de liquidez da empresa para fazer face aos pagamentos.