20 de janeiro de 2017. Obama abandonava a Casa Branca. E Pete Souza (seu fotógrafo oficial — e que antes o havia sido de Reagan) também. O ex-presidente afastar-se-ia da política. Souza não. Nesse preciso dia criou uma conta de Instagram. Uma conta que tem tanto de hilariante como de crítica à presidência de Trump — nela o fotógrafo expõe as diferenças (ideológicas e de carácter) entre o atual “inquilino” da Casa Branca e o antecessor.

Habitualmente é Pete Souza a reagir (sempre sarcástico e nas entre-linhas) às polémicas que rodeiam Trump. Habitualmente. Outras vezes há em que é Souza a ter a iniciativa. A primeira fotografia que naquela rede social colocou foi a de Obama na Sala Oval, mas de saída. Pouco tempo depois colocaria uma do ex-presidente a regressar. A fotografia era de meados de 2011. E Souza gracejaria na legenda: “Não é o que vocês estão a pensar”.

Pete Souza é hoje seguido por mais de um milhão de utilizadores no Instagram. Muitos vêm-no como um “troll” de Donal Trump, ou seja, alguém que à primeira “escorregadela” do presidente fará troça dele. Um exemplo: uma das primeiras ordens executivas assinadas por Donald Trump na sala oval foi a da proibição de financiamento público a grupos internacionais que realizam abortos. Na fotografia da praxe Trump encontrava-se ladeado pelo seu gabinete… apenas composto por homens. Souza publicaria pouco depois um fotografia em que Obama se reúne com os seus “top advisors”. Todos de salto alto. Mulheres, portanto. O recado está entregue.

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Mas nem só Trump é o alvo de Souza. Também o é a conselheira do presidente, Kellyanne Conway. A fotografia em que esta, de pés sobre o sofá da sala oval, descontraída, talvez demasiadamente descontraída, fez correr tinta. Acusaram-na de “desrespeitar” aquele lugar. Talvez. Mas Souza deu destaque a outro pormenor. É que Kellyanne aproveitou os pés em cima do sofá para melhor se debruçar e fotografar Donald Trump em fundo. E fotografou-o com um iPhone. Pete desabafou: “Nunca gostei muito destas maçãs aqui, mas volta e meia até resultam numa fotografia engraçada”. Não é preciso explicar, pois não?

Donald Trump prometeu rasgar o NAFTA, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio da América do Norte, para o renegociar depois, bilateralmente, com México e Canadá à vez, ou seja, com Justin Trudeau e Enrique Peña Nieto. Tinha tudo para a azedar a relação com os “vizinhos” — que até aí fora boa. Isto para não falar do bate-boca com o presidente mexicano por causa do muro que há-de vir e ainda não veio — se é que virá um dia na dimensão em que Trump o idealizou. Souza vê em ambos, Trudeau e Peña Nieto, “aliados”. A sua objetiva este sempre lá quando o foram.

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Allies.

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Mas nem sempre as fotografias de Souza são… fotografias. Por vezes usa-se de montagens também. Voltemos a Kellyanne. À ABC, e mesmo admitindo “não ter nenhuma prova” do que afirmava, sugeriu que há “muitas maneiras de nos vigiarmos mutuamente”, entre elas micro-ondas “que se transformam em câmaras” de filmar. Aqui D’El Rei! Trump fora espiado por Obama. Ou não. Certo é que nasceria daquela suspeição toda o “microwave gate”. E Souza responderia assim, apenas assim:

A mais recente fotografia de Pete Souza traz um português à Casa Branca: “Bo”, o cão de água do ex-presidente Obama. Era uma partida de “April Fools”. Mas os comentários dos seguidores de Souza não divergiram muito: “É melhor [presidente] do que o que lá está”. Pois.

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Bo for potus. Happy April Fools Day.

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