Tudo foi pensado para dificultar a vida aos falsificadores. O papel é mais áspero e firme ao toque, tem mais tons de laranja do que de amarelo e as marcas de segurança ocultas na impressão são mais e ainda mais sofisticadas do que na anterior versão. Se ainda não tem nas mãos a nova nota de 50 euros que o Banco Central Europeu (BCE) colocou hoje a circular, prepare-se: é assim que ela lhe vai aparecer.
Há uma boa razão para se apurarem as medidas de segurança: a nota de 50 é a mais usada na zona euro e, também, a mais falsificada, seguida de perto pela de 20 euros. E, por isso, são muitas as marcas visíveis – mas também ocultas – no processo de impressão, e que o BCE recomenda que se verifiquem em três simples passos: tocar, ver e inclinar. A começar no papel, mais rígido e áspero, e com duas séries de 32 pequenas barras laterais, negras e em relevo.
Num dos lados surge a sigla do BCE, também em relevo, e em dez idiomas (antes surgia só em cinco), impressa numa nota onde se destacam, na frente, uma ponte sobre o mapa da Europa (já atualizado com Chipre e Malta, os últimos a entrarem na União Europeia) e, no verso, um detalhe de arquitetura renascentista. Os elementos em relevo do desenho assinado pelo alemão Reinhold Gerstette são um dos truques de segurança que o BCE destaca.
Mas é no olhar e no inclinar da nota que se detetam as técnicas mais apuradas de segurança e que a tornam quase impossível de falsificar. Além de um holograma numa das faixas laterais, a nova nota tem uma pequena ‘janela’ transparente e sensível à luz nos dois lados. Mais: a personagem mitológica Europa, que dá nome a esta nova série de notas, aparece de duas formas distintas na nota – de um lado como retrato holográfica, do outro como marca de água. Algumas destas zonas – tal como o valor de 50 euros impresso em vários pontos, o número de série e outras inscrições – mudam de cor quando se inclina a nota. O 50 passa de verde para azul metalizado, por exemplo, e em redor do retrato de Europa
Confira abaixo algumas destas marcas de segurança na própria nota.
As medidas de segurança vão desde uma milimétrica faixa negra ao centro da nota com a inscrição do número 50 e do símbolo do euro (€) a branco, difíceis de ver sem o auxílio de uma lupa. O mesmo se aplica aos símbolos e ao retrato holográfico de Europa, que surge rodeado com inúmeros pequenos mosaicos em todos os tons do arco-íris. Há ainda várias zonas da nota onde foram impressas letras e símbolos quase microscópicos, que não podem aparecer com ‘borrões’ (se aparecerem, desconfie da nota…) e que também só se visualizam com lupa.
Há ainda dois testes definitivos de segurança: submeter a nota a luz ultravioleta e a infravermelhos. No primeiro caso, revela-se uma ‘nova nota’ – as fibras no papel vão emitir diferentes figuras e símbolos em três cores distintas, como por exemplo as estrelas da União Europeia que aparecem em amarelo, no verso da nota surge um quarto de círculo num verde luminoso e o número de série da nota brilha em vermelho. Se sujeitar o papel ao exame de infravermelhos, a imagem que surge – a lembrar um raio-X – deixa apenas visível metade da imagem central impressa na nota, o valor nominal e o número de série. Tudo o resto fica ‘invisível’.
O verso da nota apresenta ainda uma curiosidade: a palavra ‘euro’ escrita também em latim, grego e cirílico. As próximas versões novas poderão ser as de 100 e 200 euros e já há quem ironize que o Reino Unido possa ficar fora do mapa da União Europeia nas próximas atualizações das notas.
Portugal com 200 milhões de novas notas
A nova nota de 50 euros da série Europa foi apresentado pelo Banco Central Europeu (BCE) em Junho do ano passado, em Frankfurt. Na altura foi explicado que a nova nota cor de laranja traduz um avanço na segurança e surge depois de terem sido introduzidas notas, alegadamente também mais seguras, de cinco, dez e 20 euros da segunda série de notas. No mesmo comunicado, o BCE lembrou que a nota de 50 é a mais utilizada e também a mais falsificada, uma vez que, da totalidade das notas em euros em circulação, mais de oito mil milhões, ou 45% do total, são de 50 euros.
Em meados de julho, poucas semanas depois dessa apresentação pelo BCE, o Banco de Portugal (BdP) fez também uma apresentação em Lisboa, sobre a nova nota de 50 euros, em que anunciou que iria colocar em circulação 200 milhões de novas notas, depois de ter introduzido novas notas de cinco, dez e 20 euros.
Em Portugal, a nota de 50 euros é pouco utilizada, usando-se mais as de 10 e 20 euros. Mas no resto da União Europeia a nota de 50 euros representa 45% da circulação de notas e, por isso, é a nota mais usada”, explicou o administrador do banco central, Hélder Rosalino.
A nova nota cor de laranja vai circular ao mesmo tempo da atual nota do mesmo valor, não sendo necessária qualquer deslocação a um banco para fazer a troca das notas antigas. “Ninguém está mandatado para trocar notas em nome do BdP ou outras instituições”, avisou o responsável do BdP. No dia em que entrou em circulação esta nova nota de 50 euros, o banco central apresentou-a, em conferência de imprensa, no Complexo do Carregado, o cofre-forte onde estão as divisas de ouro nacional e que tem capacidade para o fabrico de notas, com a presença do administrador do banco central, Hélder Rosalino.