Dos 81.953 alunos licenciados no ano letivo 2014/2015, 7.199 estavam inscritos em junho do ano passado no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Ou seja, um em cada dez diplomados que terminaram o curso em 2015 estavam desempregados um ano depois, a maioria das áreas das Ciências Sociais e do Comportamento, Arquitetura e Engenharias. De acordo com dados da Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC),

Dos 7.199 desempregados inscritos no IEFP, 9,7% eram da área das Ciências Sociais e do Comportamento (704 casos), sobretudo em cursos de Psicologia, 9,4% de Engenharia e Técnicas Afins (683) e 6,8% de Arquitetura e Construção (521).

Em declarações à Lusa, o bastonário dos Psicólogos reconhece que a situação de desemprego destes profissionais não é nova, mas lembra que o país continua a não ter um aproveitamento dos recursos existentes em áreas necessitadas como a educação e a saúde, onde “não há nem de perto nem de longe os mínimos assegurados”.

“Se estivéssemos a ter aproveitamento dos recursos existentes em áreas necessitadas, estaríamos noutro cenário”, disse à Lusa Francisco Miranda Rodrigues, lembrando a proposta da Ordem de alterar a legislação para, à semelhança do médico do trabalho, criar a figura do psicólogo do trabalho.

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“Com isto já daríamos passos significativos para resolver problemas que são reconhecidos por responsáveis políticos e decisores nas organizações a nível nacional e europeu”, considerou o bastonário, sublinhando os problemas de competitividade nas organizações causados, por exemplo, pelo stress ou burnout, que levam ao absentismo laboral.

Francisco Miranda Rodrigues reconhece o número muito significativo de oferta de formação superior todos os anos, mas lembra que é menor do que há alguns anos atrás. Segundo o bastonário da Ordem dos Psicólogos, quando esta estrutura foi criada estavam a funcionar 38 cursos de Psicologia e hoje em dia são 31 (dois terços são privados).

“Há ainda uma tendência para que esta queda no número de curso possa ter continuidade”, afirmou, frisando que o número de formados todos os anos (1.300) não é excessivo para as necessidades do país e que é preciso uma aposta na prevenção para que estes recursos possam ser utilizados, pois no futuro acabam por gerar poupança. “Estamos a falar de profissionais que, está mais do que provado que, do ponto de vista da sua intervenção, geram retornos por via da prevenção em áreas onde há um consumo de recursos muito grande, como por exemplo na medicação”, disse.

Uma estimativa apresentada no ano passado pela Ordem dos Psicólogos indica que, na área da saúde, por cada 75 cêntimos investidos existe um retorno de 3,74 euros. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2016 estavam desempregadas 109 mil pessoas com ensino superior completo (menos 5,5% do que em 2015).