A fotografia acima foi captada na segunda-feira, em Haia, e foi uma das primeiras: Alexander Pechtold, líder do partido Democratas 66 e Wouter Koolmees, seu porta-voz para as finanças, à chegada a uma reunião, fizeram fotografar-se de mãos dadas em solidariedade para com Jasper Vernes-Sewratan e Ronnie Sewratan-Vernes, o casal que tinha sido violentamente agredido na madrugada de sábado para domingo, em Arnhem, enquanto regressava a casa – de mãos dadas.

Uma marcha juntou, esta quarta-feira, centenas de pessoas em Amesterdão (EVERT ELZINGA/AFP/Getty Images

Desde então, o movimento, associado ao hashtag #allemannenhandinhand (todos os homens de mãos dadas, em holandês), criado e partilhado por Barbara Barend, uma jornalista local, não parou de crescer – ontem mesmo realizou-se uma marcha em Amesterdão contra a homofobia em que participaram várias centenas de pessoas.

Jasper, 35 anos, e Ronnie, 31, casados, saíram da discoteca Luxor Live, em Anheim, por volta das 4h da madrugada de domingo. No caminho a pé para casa, foram atacados violentamente por um grupo de jovens, entre os 14 e os 20 anos, armados com alicates para cortar arame – segundo disseram à polícia, foi um crime de ódio, motivado apenas por caminharem de mãos dadas e formarem um casal.

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Jasper e Ronnie foram violentamente atacados na madrugada de domingo

Cinco dos agressores serão esta quinta-feira acusados pelas agressões, de que resultaram “sérios danos corporais”, explicaram à imprensa os procuradores responsáveis pelo processo.

O recentemente eleito primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, condenou o ataque e prometeu que a luta contra a homofobia vai ser uma das principais prioridades do seu governo: “O que aconteceu é horrível. Terrível!”

Entretanto, nas redes sociais, as fotografias de homens (e mulheres e até crianças), famosos e desconhecidos, homossexuais ou não, sempre de mãos dadas têm-se multiplicado. Na Holanda e não só. Médicos, polícias, futebolistas (o internacional holandês, ex-Benfica, Pierre van Hooijdonk incluído), sacerdotes e até o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, estão entre os solidários.

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Apesar de ter sido o primeiro país do mundo a legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo, há já 16 anos, a Holanda não é um “paraíso gay”, tinha avisado em 2015 Philip Tijsma, o porta-voz de uma organização local de apoio à comunidade LGBT . “Cerca de 7 em cada dez pessoas da comunidade já foram confrontadas com violência física e/ou verbal por causa da sua identidade. Além disso, muitos estudantes LGBT passam por dificuldades no liceu, são vítimas de bullying e têm taxas de suicídio quase cinco vezes mais elevadas do que a média. A luta pela igualdade continua”.