Concluído 2016 com o melhor resultado da década em Portugal, com um total de 402 unidades transaccionadas (mais de 55 mil só na Europa), o Kia Picanto, pequeno citadino sul-coreano destinado ao cada vez mais competitivo segmento A, chega agora ao nosso mercado com aquela que é a sua 3.ª geração. Uma sucessão marcada pela renovação de alto a baixo do modelo, em que ao spicy das linhas se junta a racionalidade transmitida por uma melhor habitabilidade, capacidade de carga, equipamento e agradabilidade na condução.

Confiança em alta. Porquê?

Desde logo, porque se trata de um carro totalmente novo, moderno… e que cativa ao primeiro olhar! Partindo de uma plataforma completamente nova que, mesmo sem tocar no comprimento total do carro (mantêm-se os 3.595 mm), garante uma maior distância entre eixos (+15 mm, para os 2.400 mm), a oferecer mais espaço a quem se senta atrás.

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A estética exterior transmite solidez, irreverência e carácter vincado, graças a uma nova secção frontal da qual se destacam a entrada de ar frontal de grandes dimensões e a grelha agora estreita a interligar as também novas ópticas. A secção lateral de perfil dinâmico apresenta cavas das rodas salientes, enquanto a traseira exibe um óculo de dimensões mais reduzidas, em que são os farolins, com uma iluminação tipo ‘C’, a ganhar destaque.

Disponível com um total de 11 cores para o exterior, além de conjuntos de jantes que vão das com 14 polegadas (em aço) até às 15” e 16” (ambas em liga leve), o novo Picanto deixa de disponibilizar a versão a GPL (que consumia gasolina e gás). Assim à laia de compensação, passa a oferecer a nova versão GT-Line, que prima por uma série de pormenores mais desportivos, como as aplicações a vermelho na grelha frontal, nas entradas de ar frontais e nas saias laterais, as jantes em liga leve de 16″ e a dupla ponteira de escape. Fazem igualmente parte do equipamento incluído nesta versão mais desportiva os faróis bi-function, assim como luzes diurnas, piscas e luzes traseiras em LED, sendo estes últimos uma novidade no segmento.

Está maior por dentro

Também melhorou no habitáculo. Agradando desde logo por um acesso fácil a um interior que foi, também ele, redesenhado, passando a garantir ainda mais espaço. À frente, fruto de um tablier que permitiu aumentar o espaço em altura para as pernas em 15 mm. Atrás, com o já referido aumento da distância entre eixos a garantir mais espaço para pernas dos ocupantes, onde as quotas continuam a aconselhar transportar apenas dois passageiros.

De resto e num habitáculo a revelar igualmente boa solidez, apesar da opção quase generalizada por plásticos rijos – normais neste segmento em que o preço é rei –, gostámos não só da funcionalidade, com dos comandos simples, funcionais e acessíveis, e vários locais de arrumação.

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O painel de instrumentos possui um ecrã TFT ao centro, onde exibe as informações de um computador de bordo com todas as informações “obrigatórias”, mas é o ecrã central em posição destacada que sobressai, permitindo controlar o sistema de infoentretenimento, mas que só é táctil e possui uma dimensão aceitável (7 polegadas) quando equipado com o sistema de navegação (opcional).

Em matéria de bagageira, o novo Picanto anuncia um aumento de 25% no espaço destinado às bagagens, face ao antecessor, passando dessa forma a oferecer, ainda antes de rebatidas as costas dos bancos traseiros, 255 litros de capacidade de carga – nada mais, nada menos, que o melhor valor do segmento. Valor que ainda pode chegar aos 1.010 litros, com apenas os lugares da frente em utilização.

Mas, então, e o equipamento?

Numa só palavra: completo. A começar pela versão de entrada, que a marca chama de LX, e que contempla de série elementos como o ar condicionado (manual), o rádio MP3 com comandos no volante, ligações USB/AUX e o sistema mãos livres Bluetooth. Mas é com o nível intermédio EX que os responsáveis da marca acreditam poder vir a aliciar mais clientes, com a oferta a incluir também os vidros eléctricos atrás, o volante e alavanca de velocidades em pele, os faróis de nevoeiro e as jantes em liga leve de 15″. A oferta do Picanto tem no GT Line a versão mais refinada e desportiva, a qual, além dos pormenores atrás referidos, conta ainda com pedais em alumínio e vidros traseiros escurecidos.

Como opcionais, apenas o Pack Navigation com câmara traseira de estacionamento integrada (600€), a Travagem Autónoma de Emergência (450€) e a pintura metalizada (300€). Mantendo-se, pelo contrário, de série, os já conhecidos 7 anos ou 150.000 km de garantia que, no Picanto, surgem acompanhados da oferta do imposto único de circulação – apenas no primeiro ano, bem entendido! Para mais pormenores, consulte a tabela de equipamento aqui.

Está mais bem comportado

É verdade, o pequeno Picanto comporta-se agora melhor nas curvas. Desde logo e mais uma vez, graças à já referida nova plataforma K, com uma maior distância entre eixos e rodas da frente mais próximas dos limites dianteiros do carro que, conjugada com uma maior percentagem de aços de elevada resistência (44%), veio garantir uma redução no peso total do conjunto em cerca de 28 kg – ou seja, 902 kg, contra os anteriores 930 kg.

Um contributo importante para a maior eficácia é responsabilidade do sistema de vectorização de binário pela travagem (TVBB – Torque Vectoring by Braking), uma estreia no segmento que se não torna cada condutor menos experiente num verdadeiro especialista no controlo do carro em condições limite, a verdade é que dá um contributo importante e ajuda a evitar uns sustos. E umas visitas ao bate-chapas.

Ainda no capítulo mecânico, destaque igualmente para as modificações operadas na suspensão, de forma a reforçar a estabilidade e a rapidez de resposta, assim como para o reforço das barras estabilizadoras (mais rígidas 2% à frente e 5% atrás), para que o Picanto não se “deite” tanto em curva. A direcção está 13% mais directa, com ganhos notórios tanto na condução, como no feelling transmitido pelo pequeno citadino. Melhorias que pudemos confirmar, com o mais pequeno dos Kia a evidenciar um pisar firme e uma maior estabilidade e agilidade, ainda que nem sempre a digerir da melhor forma os pisos mais degradados. À semelhança do que já acontecia com a anterior geração, é em cidade que o modelo se revela particularmente à vontade, ou não fosse este o seu terreno de eleição.

Quanto aos motores, mantém-se a oferta das mesmas duas unidades Kappa a gasolina, já conhecidas da anterior geração, ainda que melhoradas – o 1.0 MPI de 67 cv e 96 Nm de binário e o 1.2 MPI de 84 cv e 122 Nm. Ambos conjugados com a caixa manual de cinco velocidades, surgindo como opção a nova caixa automática de quatro velocidades, com o utilitário sul-coreano a anunciar, na motorização de acesso, uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 14,3 segundos, com consumos na ordem dos 4,4 l/100 km. Enquanto que, com o 1.2 MPI, a aceleração dos 0 aos 100 km/h é feita em 12 segundos, com consumos de 4,6 l/100 km.

Lá mais para o final de 2017, chegará o novo 1.0 T-GDI (turbocomprimido diesel de injecção directa), com 100 cv e 175 Nm de binário, a anunciar prestações mais interessantes, a começar por uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 10,1 segundos. Já quanto a consumos, ainda não há dados homologados.

O que conduzimos e o que concluímos

No lançamento do novo Picanto no mercado nacional, tivemos oportunidade para testar a motorização de 67 cv, a mais acessível, conjugada com caixa manual. Em jeito de resumo, e após menos de uma centena de quilómetros, o que lhe podemos dizer é que cumpre as expectativas, sem deslumbrar.

Bem insonorizado e com uma subida de regime linear, o pequeno três cilindros em linha atmosférico, com injecção multiponto, mostra-se uma opção agradável para enfrentar o trânsito citadino, desde que encarado de forma descontraída e a desfrutar também da boa posição de condução – a favorecer a visibilidade em redor, ainda que com um volante ajustável apenas em altura.

Sempre que optámos por um ritmo de condução mais despachado, não conseguimos evitar sonhar com a variante turbocomprimida de 100 cv, que chegará lá mais para o final do ano, a qual certamente garantirá um outro fôlego ao pequeno citadino. Até porque, em termos de consumos, é muito provável que os resultados não sejam tão diferentes quanto isso, uma vez que, mesmo levando em linha de conta que se tratava de um carro novo – com pouco mais de 30 km quando nos chegou às nossas mãos –, a média de 8,3 l/100 km que alcançámos, num percurso maioritariamente no trânsito citadino, permite antever valores similares para a versão mais potente, que a fundo gastará mais – turbo oblige –, mas que em ritmo contido necessitará de muito menos pressão no acelerador para satisfazer o condutor.

Então, e quanto a preços?

Bom, aí, o caso muda (um pouco) de figura, e para melhor. É que, embora a Kia Portugal garanta que, com este novo Picanto, já não é só um preço competitivo que importa, a verdade é que os valores (tabela completa aqui) pedidos por esta nova geração, efectivamente melhor que a anterior, continuam apetecíveis. E ainda mais, se levarmos em linha de conta os 1.400€ de desconto propostos pela marca como campanha de lançamento!

Assim e para um citadino cujo preço “oficial” começa nos 12.220€, na versão 1.0 LX com 67 cv e caixa manual, o valor real de venda passa a ser de apenas 10.820€. Seguindo o mesmo raciocínio, o nível intermédio EX é proposto por 11.520€, enquanto o GT Line, já com motor 1.2 de 84 cv e a mesma transmissão manual de cinco relações, exige um investimento de 13.270€.

Quem optar pelas versões com caixa automática, verá que os preços começam nos 12.970€ (1.0 EX), já com o desconto, para chegarem aos 14.020€ (EX) e 15.020€ (GT Line) nas versões impulsionadas já com motor 1.2 de 84 cv.