Foi na noite de quarta-feira que cerca de 200 residentes em Carnide arrancaram 12 parquímetros que tinham sido instalados pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL). Os moradores reagiam assim a um apelo à mobilização de “moradores, comerciantes e parceiros do centro histórico de Carnide”, promovido pela própria Junta de Freguesia. Os parquímetros tinham sido ligados na passada sexta-feira, 31 de março – mas já foram instalados de novo, confirmou a Junta de Freguesia de Carnide ao Observador, e a EMEL apresentou entretanto uma queixa por furto.
A EMEL justifica a sua reação, afirmando que os moradores estavam devidamente informados sobre a instalação das máquinas, informando inclusive não entender a posição do presidente da Junta de Freguesia, uma vez que não mostrou protesto aquando a reunião sobre o assunto.
“Em janeiro, na descentralizada, o presidente da junta estava lá e não se manifestou. Aliás, estive a rever as atas dessa reunião e não encontrei qualquer posição dele relativamente a este assunto”, disse a responsável.
Os moradores, por sua vez, alegaram que os parquímetros lhes foram impostos sem consulta prévia, uma posição contrariada pela EMEL. Depois da Câmara de Lisboa mandar reinstalar os parquímetros após “ato grave” em Carnide, as máquinas terão sido instaladas durante a noite de quinta-feira. Foi também na quinta-feira que a EMEL apresentou uma queixa-crime contra ‘desconhecidos’ e não contra a Junta de Freguesia.
Fábio Sousa, presidente da Junta de Carnide, informara que a queixa-crime era contra a Junta mas, segundo a Lusa, a queixa foi contra desconhecidos. Fábio Sousa e os moradores continuam a lutar pela situação, não concordando com a instalação das máquinas.
“Na sequência dos acontecimentos desta quinta-feira com os parquímetros da EMEL, esta empresa promoveu a competente queixa-crime contra desconhecidos”, refere a EMEL num esclarecimento enviado à agência Lusa.
Pelo contrário, o presidente afirmou à Lusa que “a EMEL optou, mais uma vez, por mostrar concretamente qual é a sua forma de estar neste processo, com má-fé, e, portanto, optou por fazer uma queixa-crime, não contra desconhecidos, mas contra a Junta de Freguesia de Carnide, contra o presidente de Junta”, disse o autarca, que falava aos jornalistas nos Paços do Concelho.
Na nota enviada à Lusa, a EMEL aponta que “a Polícia de Segurança Pública, no âmbito das investigações que levou a cabo, diligenciou no sentido da localização dos parquímetros, tendo apurado que os mesmos se encontravam nas instalações da Junta de Freguesia de Carnide”.
“Após interpelação para a entrega voluntária dos parquímetros, tal não aconteceu, pelo que o Ministério Público promoveu mandatos de apreensão dos equipamentos”, precisa a empresa municipal. A EMEL adianta que, ao final da tarde, “os equipamentos foram apreendidos pela PSP, após assinatura do auto pelo senhor presidente da Junta de Freguesia de Carnide”.
Contactado pela Lusa, Fábio Sousa explicou que a informação de que a queixa era dirigida a si tinha sido dada pelos agentes da PSP que o confrontaram e considerou que “faz sentido” que seja, antes, contra desconhecidos.