Num comunicado com o título “A (ir)responsabilidade do Diretor do Programa Nacional de Saúde Mental em Portugal”, a Ordem dos Psicólogos acusa o psiquiatra Álvaro de Carvalho de ter desrespeitado aqueles profissionais de saúde e de revelar “desconhecimento acerca desta profissão e da evidência científica sobre prevenção e tratamento da depressão”.

Em causa estão as declarações do diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, inseridas num artigo sobre a depressão publicado esta sexta-feira pelo Observador. Questionado sobre a melhor forma de tratamento para uma pessoa com depressão, Álvaro de Carvalho disse que era preciso ter cuidado na abordagem que é feita da depressão porque “temos muitos psicólogos que têm uma leitura muito superficial e pouco científica e há muita gente a fazer psicoterapia em Portugal que não tem formação na área da psicoterapia. Não basta ser psicólogo”. Ao que acrescentou que “há muitos psicólogos que, por não poderem prescrever, e numa atitude anti-médica, resistem ao máximo em conferir diagnósticos com um psiquiatra”.

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As palavras do responsável pelo programa prioritário da Direção Geral de Saúde (DGS) não caíram bem junto da Ordem que, em comunicado enviado ao Observador, refere que “estas afirmações desrespeitam os Psicólogos, tal a gravidade e leviandade das mesmas, em particular quando produzidas pela pessoa responsável em Portugal pelo Programa Nacional de Saúde Mental”.

E acrescenta que “dado estes factos, concluímos que o Dr. Álvaro Carvalho, e relembramos, diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, revela um total desconhecimento acerca desta profissão e da evidência científica sobre prevenção e tratamento da depressão”, insistindo a Ordem, no mesmo documento, que os psicólogos são profissionais qualificados para “acompanhar e intervir em matérias relacionadas, entre outras, com a saúde mental” e que já há 1.229 em Portugal com o título de especialistas em psicoterapia.

A Ordem dos Psicólogos termina dizendo que “na visão expressa pelo Dr. Álvaro Carvalho é colocada em causa a autonomia científica e técnica dos Psicólogos, (…), ao mesmo tempo que acusa infundadamente estes profissionais relativamente à forma como trabalham de modo multidisciplinar”.

Críticas de parte a parte numa altura em que um grupo de trabalho com ambos os grupos de profissionais de saúde ultima as soluções a apresentar no próximo mês no sentido de integrar psicólogos nos cuidados de saúde primários.