Apesar de ainda estar em fase incipiente, o processo que deverá juntar brevemente os governos de Portugal e Espanha na compra de medicamentos já terá sido iniciado, através de “troca de correspondência” e de “uma reunião preparatória”, disse ao Diário de Notícias Rui Ivo, vice-presidente do Infarmed.

“Já existem alguns processos que estão a ser desenvolvidos. Nós estamos a trabalhar com Espanha. As negociações de matérias que têm a ver com a aquisição e ligadas à questão do preço têm mais condições para avançar com conjuntos de países com proximidades regionais ou afinidades de sistemas de saúde.”

De acordo com o responsável do Infarmed, que esta terça-feira recebe um grupo de representantes de Espanha, Áustria, Grécia, Irlanda, Malta, Holanda, Letónia, Eslovénia, Eslováquia, Itália e Bélgica (bem como de várias associações nacionais da indústria farmacêutica), o objetivo desta colaboração passa por obter preços mais baixos, nomeadamente na compra de “medicamentos inovadores” e que “tenham maior impacto financeiro” (oncológicos, anti-víricos ou órfãos, utilizados no tratamento de doenças raras).

“Estamos trabalhar para termos uma cooperação mais intensa na área da avaliação e negociação, em termos de haver algumas situações de podermos negociar conjuntamente o financiamento de determinados medicamentos”, explicou Rui Ivo a propósito da reunião desta terça, onde será ser debatida a criação do chamado Grupo de Alto Nível, que deverá passar a apoiar os governantes europeus nas negociações de medicamentos e respetivos preços com a indústria.

Em Janeiro passado, o ministro da Saúde já tinha anunciado o protocolo de colaboração entre Portugal e Espanha, a assinar em breve, aludindo às vantagens que a negociação conjunta de medicamentos e outros produtos de saúde pode trazer. “Já falei com a minha colega espanhola, no sentido de, com Espanha, também podermos abordar o mercado de uma forma integrada, essa agregação de compras”, revelou Adalberto Campos Fernandes, à data em entrevista também ao DN.

A propósito do recente surto de hepatite A, que afeta ambos os países, o diretor-geral da Saúde anunciou igualmente, há cerca de duas semanas, que os dois governos estavam a ponderar avançar em conjunto para a compra de vacinas.

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