O Reino Unido vai perder mais do que a União Europeia com a decisão de levar o Brexit avante, garantiu esta quinta-feira a representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini.

Numa visita a Beijing (China) e a falar com estudantes, Mogherini admitiu que as negociações podem vir a ser difíceis.

Vamos perder um estado-membro importante (…) Deixem-me dizer-vos que, para mim, todos os estados-membro são importantes, iguais, porque um pode contribuir mais para algumas políticas do que outros. Mas penso que os nossos amigos britânicos vão perder mais do que nós.”

O executivo de May tem exatamente dois anos para negociar os termos da saída, e Mogherini garante que acontecimentos inesperados como o das eleições antecipadas não vão (nem podem) atrasar esse processo.

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É claro nos nossos tratados de que se tratam de dois anos – apenas dois anos – a partir do momento em que as negociações começam, e isso foi em março deste ano. Isto não pode ser atrasado. Não espero que seja mais rápido do que isso.”

O nervosinho chinês

A China tem assistido de bancada ao processo de negociações do Brexit, apreensiva com a instabilidade que isso poderá causar na União. Isto não acontece por acaso, não fosse a União Europeia a maior parceira económica do país. Nervosinho este a que Mogherini assiste.

Estou a reunir com todos os nossos parceiros nestes meses e todos nos dizem que a União Europeia é necessária, e esta é também a imagem que temos aqui na China: de que a União Europeia é uma parceria indispensável.”

As relações de Bruxelas com Londres

O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker vai reunir com a primeira-ministra britânica, Theresa May, já na próxima quarta-feira, 26, em Londres, para discutir a saída do Reino Unido, informou uma porta-voz da Comissão esta quinta-feira. Três dias depois, a 29, os restantes 27 estados-membro reúnem em Bruxelas para encontrar consenso nas negociações a serem feitas.

As negociações do Brexit serão retomadas em junho, depois dos eleitores britânicos votarem nas eleições marcadas para dia 8 – uma proposta do governo de May que, a partir do momento em que foi aprovada, limitou o plano de trabalhos do Parlamento britânico, como explicamos aqui.

Reino Unido. Saiba o que vai acontecer caso o Parlamento aprove eleições antecipadas