Marine Le Pen vai afastar-se temporariamente da liderança da Frente Nacional e tornar-se “apenas uma candidata à presidência”, numa tentativa de se posicionar como “a presidente de todos os franceses”. Ora algumas das políticas da sua Frente Nacional são tudo menos unionistas, promovendo sem medos a cultura, os valores, a história e os costumes franceses, em detrimento do multiculturalismo.

Le Pen já tinha dito que não é a candidata do seu partido, e que as suas convicções não correm sempre em paralelo com as posições do seu partido: um dos seus maiores sucessos foi precisamente o de conseguir limpar o legado do seu pai Jean Marie, que contaminara o partido com uma aura antissemita e xenófoba. A candidata presidencial distanciou-se da herança paterna através da expulsão dos membros do partido acusados de antissemitismo, como o seu próprio pai, ou através de posições como apoio à união civil entre casais do mesmo sexo (no entanto foi contra o casamento).

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Eram rótulos que a impediam de se afirmar como uma alternativa credível, mas Le Pen continua a seguir uma linha dura, nacionalista — “os franceses antes dos demais”, defende –, anti-UE e anti-globalização.

Sem perder tempo, Le Pen retomou os trilhos da campanha logo na segunda-feira, na pequena cidade de Rouvroy, no norte de França, e não poupou críticas ao seu rival para a segunda volta. “Estou aqui no terreno a alertar os franceses para assuntos importantes incluindo terrorismo islâmico, no qual o senhor Macron é, no mínimo, fraco”.

Quem se segue na presidência da Frente Nacional? Possivelmente, a própria Le Pen, logo depois de dia 7 de Maio caso não vença as eleições. Até lá, e de acordo com estatutos do partido, é o vice-presidente que assume o cargo de presidente “em caso de ausência ou doença”. Será então Jean-François Jalkh, que é deputado europeu pela Frente Nacional.