A agência canadiana DBRS volta a dar boas notícias sobre Portugal, embora alerte que tem de reduzir a dívida e que o défice estrutural teve uma melhoria “mais limitada”. Na newsletter divulgada esta quarta-feira a agência de notação, reforçando a informação divulgada na semana passada, destaca que “as taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública portuguesa aumentaram nos últimos meses [passaram de 4% no primeiro trimestre de 2017, contra 3,2% no período homólogo], mas considera que “os custos de empréstimos permanecem geríveis“.

Adriana Alvarado, analista sénior da agência para Portugal, afirma que “no geral, tem havido uma melhoria em Portugal nos últimos meses, com o défice a chegar abaixo do objetivo e o crescimento a recuperar no segundo semestre do ano. No entanto, os excedentes primários e o crescimento precisam de ser sustentados ao longo do tempo para reduzir o alto nível de dívida pública“.

A DBRS acredita ainda que o​ “impacto de maiores rendimentos é parcialmente mitigado por uma estrutura de dívida favorável”, já que a “dinâmica da dívida pública é atualmente suportada por um excedente orçamental primário mais elevado e pelo crescimento económico continuado.”

A agência diz ainda estar “surpreendida” com desempenho orçamental do país desde a avaliação soberana da DBRS em outubro de 2016. Lembra ainda que Portugal atingiu “o défice mais baixo em mais de quatro décadas e uma melhoria significativa em relação aos 11.2% de défice 2010”. A agência destaca também que “o défice ficou abaixo da meta de 2,5% acordada com a Comissão Europeia em julho de 2016. Além disso, lembra a agência canadiana, “o superávit primário atingiu os 2,2%, um dos mais elevados da zona do euro.”

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Nem tudo são boas notícias já que — além do aumento das taxas de juro — “a melhoria do défice estrutural foi mais limitada” e o rácio da dívida pública permaneceu elevado em 130,4% do PIB.

Na última sexta-feira, a agência de notação financeira DBRS confirmou que o rating de Portugal fica em “investimento de qualidade” (ou seja, acima de “grau especulativo”, ou lixo), o que garante que é possível continuar a aceder às compras de dívida por parte do Banco Central Europeu (BCE) sem haver um resgate financeiro. A perspetiva para o futuro continua a ser estável.

DBRS mantém “rating” e continua a ser a única agência a ter Portugal acima de “lixo”