A Procuradora-Geral da República Joana Marques Vidal deu um prazo limite aos investigadores encarregues da Operação Marquês para concluírem o processo: três meses a partir da receção da última carta rogatória que está em falta. Como escreveu o Observador, não se sabendo quando vai ao certo chegar essa carta, não é possível antecipar a data para o encerramento da investigação. Os advogados de José Sócrates, ex primeiro ministro português que é o arguido mais mediático do processo, parecem furiosos com mais este adiamento.

Num comunicado enviado às redações, a defesa de José Sócrates diz que a PGR decidiu prorrogar “pela sexta vez” o prazo do inquérito da ‘Operação Marquês’, “fixando agora, mais uma vez, prazo nenhum” acrescentando que “afinal, todo o aparato de 2014 se revela como o que realmente foi — um mísero pretexto para um assassinato de carácter” de José Sócrates.

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Apelidando o despacho da PGR de “longo e palavroso” e “cheio de coisa nenhuma (até dos direitos e garantias dos arguidos ela fala!), João Araújo e Pedro Delille dizem que esta foi a forma encontrada pela Procuradora-Geral “para explicar a continuada violação da Lei pelos serviços que dela dependem, o que considera, aliás, plenamente justificado”.

À defesa de José Sócrates, continua o comunicado “já pouco interessam as estimativas de prazo do Senhor Diretor do DCIAP e as prorrogações de prazo da Senhora Procuradora-Geral”. O que lhes poderia interessar “mas nunca ocorrerá”, seria “ler ou ouvir dessas estimáveis entidades o reconhecimento da continuada ilegalidade em que mergulharam e continuam mergulhados, que todos os prazos da Lei foram e continuam a ser violados, que os fortes, robustos, sólidos e consolidados indícios em que fundaram a prisão, por quase um ano, de um cidadão, não existem nem alguma vez existiram”.

Em declarações à TSF, João Araújo utilizou a ironia para criticar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por prestar pouca atenção a este caso. “Há uma instituição deste país que não esta a funcionar com regularidade, que é o poder judicial e a mim não me compete zelar pelo normal funcionamento da instituições. Talvez que fosse altura de alguém que tenha esse emprego se ocupar disso”. Questionado sobre se se estaria a referir ao Presidente, João Araújo escolhe um tom irónico: “Se fosse uma avionete que caísse, ao pé de um supermercado… isso é um assunto do senhor Presidente, agora, uma instituição tão vital como a justiça que não funciona, isso já é um fait-divers“.

Em setembro de 2016, a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, determinou a aceleração processual da ‘Operação Marquês’ e concedeu 180 dias para a conclusão do inquérito e emissão do despacho final.

Em março deste ano, os magistrados titulares do processo solicitaram a prorrogação desse prazo, comprometendo-se a prestar informação até finais de abril a Joana Marques Vidal sobre “os vetores que determinaram o não cumprimento do prazo”, comunicar as medidas adotadas, informar sobre o andamento do processo e “indicar o prazo ainda necessário” para fecharem o inquérito.

Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que investiga crimes económico-financeiros e que tem 28 arguidos, 19 pessoas e nove empresas.