O braço francês da Amnistia Internacional (AIF) emitiu um comunicado onde pede ao eleitorado que “considere o impacto destas eleições nos direitos humanos” que “não está limitado às fronteiras de França podendo potencialmente afetar o país ao nível internacional”.

A Amnistia Internacional em França nunca antes se tinha colocado contra um candidato em particular, por respeito aos princípios de imparcialidade, lê-se no comunicado, mas este é um momento que, segundo a direção da AIF, requer uma atenção especial. “Nunca na nossa história nos mostramos a favor ou contra qualquer candidato mas temos o dever de dar o alerta quando os direitos humanos estão ameaçados pelos manifestos de certos candidatos que podem vir a ocupar os mais altos cargos do Estado”, disse Camille Blanc, presidente da AIF.

No entender da organização, “Marine Le Pen apresentou várias propostas durante a sua campanha que configuram um perigo para o respeito dos direitos humanos, em particular no que toca ao direito ao asilo, às liberdades civis e ao igual acesso aos direitos sociais”, disse Blanc.

A Amnistia Internacional mostra-se, de novo, contra os discursos de Marine Le Pen e Donald Trump. JOEL SAGET/AFP/Getty Images

Há um ano, a Amnistia Internacional criticou, no seu relatório anual, a multiplicação de discursos e plataformas de ação política que se focam no desenvolvimento de uma ideia de identidade superior e promovem uma retórica de divisão. Nesse texto, Salil Shetty, secretário-geral da Amnistia Internacional, escreve que “seja Trump, Orbán, Erdoğan ou Duterte, há um número crescente de políticos que se auto-proclamam ‘anti-sistema’ e estão dependentes de uma agenda tóxica que persegue e de-humanisa grupos inteiros de pessoas”.

No mesmo comunicado, a AIF lembra que “os direitos humanos não são nem uma ameaça nem um obstáculo à segurança”. Pelo contrário, lê-se ainda, “constituem os alicerces de um Estado de direito e de uma sociedade onde todos possam viver em segurança e com respeito mútuo”.

Para Camille Blanck a escolha nestas eleições é clara. “As propostas de Emmanuel Macron focam-se em valores que a AIF respeita, nomeadamente a luta contra a discriminação, a defesa do direito de asilo e a proibição da vigilância em massa ainda que seja necessário clarificar o papel e as responsabilidades das empresas no campo dos direitos humanos”, disse Blanc.

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