Emmanuel Macron prometeu união; Marine Le Pen prometeu oposição. Nos discursos desta noite, os dois candidatos à presidência francesa não deixaram cair o combate.

Macron centrou grande parte do seu discurso numa mensagem de união que se impõe agora aos franceses. O novo Presidente francês falou diretamente para os apoiantes de Le Pen, garantindo que ia combater o “medo”, a “ansiedade” e a “raiva” que levaram cerca de 11 milhões de franceses a votarem num candidato de extrema-direita. E deixou uma garantia: França estará na vanguarda da luta contra o terrorismo em todos os planos de atuação.

No momento de comentar os resultados, Marine Le Pen reconheceu a derrota, ainda que não tenha resistido em sublinhar que os “franceses preferiram a continuidade”. Olhando para o próximo desafio político — as legislativas, em junho –, Marine Le Pen prometeu uma “transformação profunda” da Frente Nacional, para criar “uma nova força política”. A candidata da extrema-direita assegurou ainda que vai liderar a campanha eleitoral nas eleições legislativas.

O que disse Macron na hora da vitória

A minha gratidão vai para todos aqueles que me deram os seus votos. Não vos vou esquecer. Vou colocar todo o meu empenho em ser digno da vossa confiança.

Quero endereçar uma saudação republicana à minha adversária. Sei que as divisões na nossa nação levaram a que alguns votassem de forma extremada. Conheço a raiva, as dúvidas, a ansiedade, que alguns têm expressado. É minha responsabilidade lutar contra todas as formas de desigualdade, garantindo a vossa segurança e garantindo a unidade da nação.

Vou defender a França, os seus interesses vitais e a sua imagem. É esse o meu compromisso. Vou defender a Europa. É a nossa civilização que está em jogo, a nossa forma de ser livre. Vou trabalhar para reforçar o vínculo entre a Europa e os seus cidadãos.

Posso dizer a todos: França vai estar na vanguarda da luta contra o terrorismo no seu solo, assim como nas ações internacionais. Enquanto a luta durar, nós vamos liderá-la.

Meus concidadãos, um novo capítulo da nossa longa história começa hoje à noite. Quero que seja um ciclo de esperança e de confiança renovadas.

A renovação da nossa vida pública vai começar amanhã, a moralização da vida pública e a vitalidade democrática serão os [objetivos] desde o primeiro dia.

Esta noite, quero saudar o presidente Hollande, que trabalhou durante cinco anos pelo nosso país. Durante os cinco anos que se abrem, a minha responsabilidade será a de acalmar os temores e de redescobrir o espírito de conquista.

Vou lutar com todas as minhas forças contra a divisão que nos está a minar e a derrotar. Amo a França. A partir desta noite e durante os próximos cinco anos, vou servi-la com humildade, dedicação e determinação. Viva a República, viva a França!”

O que disse Le Pen na hora da derrota

Os franceses escolheram um novo Presidente da República e votaram pela continuidade. Felicito-o pela eleição e, porque zelo pelos melhores interesses do país, desejo-lhe sucesso. Desejo-lhe sucesso perante os imensos desafios que a França vai enfrentar.

Quero agradecer aos 11 milhões de franceses que me deram a voz deles e confiança. Quero agradecer aos ativistas que me ajudaram durante a campanha. Quero também agradecer a Nicolas Dupont-Aignan [escolhido por Le Pen para primeiro-ministro] e ao Debout la France [partido que apoiou Le Pen na segunda volta] pela coragem.

Os franceses escolheram a aliança patriótica e republicana como primeira força da oposição. Os partidos políticos que assumiram a responsabilidade de eleger Macron desacreditaram-se. A primeira volta representou um grande colapso da vida política francesa, com a eliminação dos velhos partidos. A segunda volta organizou-se em torno da clivagem entre patriotas e globalistas. É essa escolha entre patriotas e globalistas que vai existir nas eleições legislativas. Vou estar na linha da frente do combate para unir todos os que querem escolher a França”.

Estamos preocupados com as perspetivas oferecidas pelo novo mandato de cinco anos. A Frente Nacional deve renovar-se para enfrentar esta oportunidade histórica e [responder] às expectativas dos franceses. Vou propor o início da transformação do nosso movimento para constituir uma nova força política. Peço a todos os patriotas que se juntem a nós para participar na batalha política decisiva que começa hoje à noite.

A França precisará de vocês mais do que nunca nos próximos meses. Viva a República! Viva a França!”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR