Investimentos na ordem de vários milhões de euros no setor do turismo e voos regulares para Lisboa da Qatar Airways são dois dos assuntos económicos na agenda da visita de segunda-feira do primeiro-ministro ao Qatar.

Fonte do executivo português referiu à Agência Lusa que o Qatar é um país com uma presença económico-financeira “discreta”, mas em crescimento em Portugal, sendo apontados como exemplos dessa realidade as suas participações de 2,27% no capital da EDP, o investimento na Vinci e, mais recentemente, o projeto de hotel do grupo W no Algarve (de quase 300 milhões de euros).

A visita de António Costa ao Qatar, na perspetiva do executivo de Lisboa, poderá permitir a expansão de negócios, para além do turismo, em áreas como a construção civil, obras públicas, agroalimentar, energia e saúde.

“Portugal apresenta-se como um país com políticas fiscais competitivas para o investimento externo e com vantagens administrativas garantidas para investimentos privados, caso dos vistos Gold”, salientou a mesma fonte.

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No processo de expansão das relações comerciais entre os dois países, está previsto que em 2018 passe a haver um voo direto entre Lisboa e Doha da Qatar Airways, bem como a abertura pela empresa BIMTEC (ramo da construção, engenharia e projetos) de uma representação em Portugal, tendo em vista funcionar como plataforma para o resto da Europa e América do Norte.

Apesar destes negócios, a balança comercial entre Portugal e o Qatar é ainda reduzida: as exportações portuguesas atingiram 17,8 milhões de euros em 2015 e aumentaram para 28,6 milhões de euros em 2016.

Já as importações nacionais estavam nos 19,1 milhões de euros em 2015 e baixaram para 13,9 milhões de euros em 2016. O Qatar, em janeiro de 2017, posicionava-se como o 72º cliente de Portugal e o seu 84º fornecedor.

De acordo com dados fornecidos pelo executivo de Lisboa, o número de empresas exportadoras portuguesas “tem vindo gradualmente a aumentar, sendo 247 empresas as que venderam para o mercado do Qatar em 2015 – isto, quando em 2014, eram apenas 203.

O maior volume de exportações portuguesas pertence aos setores dos minerais e minérios, vestuário, máquinas e aparelhos, madeira, cortiça e produtos agrícolas – produtos que, em conjunto, representam 62% do total exportado.

Portugal, por sua vez, importou principalmente plásticos e borrachas, químicos, vestuário, veículos e outros materiais de transporte.

Ainda no que respeita às relações económicas entre os dois países, as empresas portuguesas atualmente presentes no Qatar operam principalmente nos setores da arquitetura, engenharia, construção e tecnologia, esperando-se a curto prazo a entrada de outras dos ramos farmacêutico, têxteis (caso da Sacoor) e agroalimentar.

Em sentido contrário, o Governo português está a acompanhar a entrada da holding Al Faisal em Portugal, que se encontra já a analisar oportunidades de negócio em tecnologias de ponta e saúde, para além dos setores hoteleiro e imobiliário.

No final de 2016, a holding Al Faisal, um dos principais grupos financeiros privados do Qatar (com um património líquido estimado de pelos 2,2 mil milhões de dólares), comprou 78.46% do Banif Malta.