Os juros exigidos pelos investidores para negociarem dívida pública de Moçambique estão acima de 8% desde junho de 2015, tendo registado uma média de 20,4% em março deste ano, segundo os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com o relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana, Moçambique é o país africano que enfrenta os juros mais caros sobre as emissões de dívida em moeda estrangeira (eurobonds), com 20,4%, que compara com os 8,7% de Angola, o segundo com os juros mais altos.

A trajetória da dívida estão claramente numa trajetória ascendente, com mais de 50% do valor do PIB em muitos países”, como Cabo Verde ou Moçambique, escrevem os analistas no relatório, que dá conta de uma dívida pública em Moçambique que valia 115,2% do PIB no final do ano passado, mas que deverá descer para 106,9% e 103,6% neste e no próximo ano.

Este valor do rácio da dívida face à riqueza do país só é superado por Cabo Verde, que apresenta valores de 134,7% este ano e 133% em 2018, mais do triplo da média da África subsaariana: 44,6%.

Com um crescimento previsto de 4,5% para este ano e 5,5% para o próximo, Moçambique enfrenta uma inflação de 19% este ano, que deverá cair para os 10% no próximo ano. Depois de ter melhorado o desequilíbrio das contas públicas no ano passado, melhorando de 10,4% para 7,4%, o défice orçamental deverá aumentar para 8,2% este ano e 8,5% em 2018, de acordo com as previsões do FMI.

O relatório do FMI sobre a África subsaariana surge na semana em que a consultora Kroll deverá apresentar às autoridades o relatório sobre a chamada ‘dívida escondida’, no valor de 1,4 mil milhões de dólares, contraída entre 2013 e 2014, por empresas públicas que contraíram empréstimos com o aval do Estado sem que este valor fosse inscrito nas contas oficiais nem reportado aos credores internacionais.

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