O Ministério da Justiça (MJ) garantiu, esta segunda-feira, que não registou incidentes nos seus serviços causados pelo ciberataque internacional lançado na sexta-feira, mas admitiu poder verificar-se alguma lentidão nas conservatórias devido à instalação de ‘software’ de segurança.

Não há qualquer incidente provocado pelo ‘malware’ [‘software’ que se infiltra num computador alheio de forma ilícita, causando danos, alterações ou roubo de informações] na rede do Ministério da Justiça”, assegurou o MJ, em resposta à agência Lusa, sublinhando que “todos os sistemas centrais dos tribunais e registos estão a funcionar“.

O MJ referiu contudo que, em algumas conservatórias, face à instalação de ‘software’ adicional de segurança nas máquinas, pode verificar-se “alguma lentidão nos computadores, o que eventualmente se poderá refletir na capacidade de atendimento”.

Esta situação poderá ainda prolongar-se ao longo do dia desta segunda e até quarta-feira, adiantou o Ministério dirigido por Francisca Van Dunem.

O MJ salienta que as “medidas de precaução adequadas” foram tomadas ainda na sexta-feira e que foi enviado pelo Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) um e-mail de aviso aos funcionários e colaboradores, assim como a todos os organismos do Ministério da Justiça para divulgação pelos seus funcionários.

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Entretanto, o diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime da Polícia Judiciária avisou hoje que o ciberataque lançado na sexta-feira é “persistente e de grande dimensão”, desconhecendo-se ainda a sua origem.

“Não se sabe a origem. É algo que estamos a apurar”, disse à Lusa Carlos Cabreiro, referindo que o ataque se processou através da distribuição maciça de ‘malware’ e foi sentido a partir da última sexta-feira.

Segundo aquele diretor da Polícia Judiciária, o ciberataque, feito através de e-mail com um ‘link’ que infeta o computador, foi “dirigido essencialmente a empresas de telecomunicações ou com alguma projeção”, mas qualquer pessoas que tenha interação com empresas e particulares também pode ser infetado, ajudando a generalizar o ataque informático.

Carlos Cabreiro notou que algumas empresas conceituadas, que dispõe de engenheiros informáticos próprios, estão a analisar o nível de impacto e a tomar medidas para lidar com o problema.

Adiantou que esta unidade da PJ está a cooperar com o Centro Nacional de Cibersegurança e com a própria Europol no sentido de serem tomadas todas “as precauções” possíveis para enfrentar o ciberataque, cujo grau de sofisticação é “difícil de medir”, embora seja “persistente e de grande dimensão”.

O ciberataque lançado na sexta-feira contra vários países e organizações foi de “um nível sem precedentes”, admitiu no sábado o gabinete europeu da Europol. O ataque informático de grandes dimensões à escala internacional atingiu principalmente empresas de telecomunicações e energia mas também a banca, segundo a multinacional de serviços tecnológicos Claranet.

Entretanto, a Claranet alertou hoje para a possibilidade de novos ciberataques e aconselhou os utilizadores a terem os sistemas atualizados, não abrir anexos desconhecidos e desligar da energia todo o equipamento suspeito de estar infetado.

Este ciberataque já afetou 150 países e 200 mil sistemas informáticos.