Malária, hemorragias, infeções generalizadas e a escolha por partos domiciliares são as principais causas de mortalidade materna identificadas pelas unidades hospitalares do município de Luanda e que ainda constituem preocupação para as autoridades angolanas.

A situação foi abordada esta terça-feira num encontro do Comité de Auditoria sobre saúde Materna e Infantil do Município de Luanda, dirigido pela vice-presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda para a Área Política, Social, Assuntos Comunitários e Ambiente, Mara Quiosa.

Em declarações à agência Lusa, no final do encontro, Mara Quiosa referiu que se regista uma ligeira redução do número de mortes no primeiro trimestre do ano, comparativamente com os últimos três meses de 2016. Sem avançar números atualizados, Mara Quiosa disse que ainda existem “algumas preocupações” nesta matéria, apesar da anunciada redução.

Durante o encontro foram apresentados dados referentes a janeiro, período em que foram contabilizadas 29 caso de mortalidade materna nas duas principais maternidades da capital angolana.

Segundo a responsável, dos casos avaliados no encontro, chegou-se à conclusão que a chegada tardia às unidades sanitárias é também uma das causas de mortes de mulheres grávidas.

Tivemos casos de jovens que estiveram durante uma semana a receber tratamento tradicional e só depois de a família ter verificado o agravamento do estado de saúde é que acorreram ao hospital”, apontou.

Para a responsável, o recurso primeiro ao tratamento tradicional deve-se a fatores culturais e não a falta de condições nas unidades hospitalares.

Nós, enquanto africanos, ainda temos essa cultura e damos uma atenção especial àquilo que é o tradicional, por isso não acorremos de forma imediata às nossas unidades hospitalares, pelo que temos estado a orientar e temos verificado que se tem estado a cumprir, aquilo que é a sensibilização para que recorram aos nossos postos de saúde”, salientou.

Mara Quiosa disse que é preciso admitir-se também que o atendimento em muitas unidades hospitalares tem sido feito de forma tardia, devido às enchentes que as mesmas registam.

“É preciso divulgarmos mais que os centros e saúde a nível dos distritos também realizam esse tipo de trabalho”, disse.

Além da malária, os inquéritos que vêm sendo realizados, permitiram identificar também como causas de mortalidade materna, os abortos quer provocados quer espontâneos, e casos de eclampsia [perturbação da gravidez em que se verifica hipertensão arterial grave], que também se está a verificar em mulheres bastante jovens.

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Por sua vez a responsável pela área de saúde reprodutiva no município de Luanda, Ágata Capimgâlã, referiu que as mortes infantis têm na sua maioria como causas as infeções e o tétano neonatal.

O elevado número de adolescentes grávidas constitui também uma preocupação, segundo avançou aquela parteira especializada, indicando que só em janeiro e em apenas uma unidade hospitalar registaram-se mais de 15 grávidas com idades até aos 15 anos.

O próximo encontro do referido comité multissetorial está previsto para julho.

A província de Luanda é composta pelos municípios de Luanda, Cacuaco, Kilamba Kiaxi, Cazenga, Talatona, Viana, Belas, Quiçama e Icolo e Bengo.