Os independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) divulgaram esta quinta-feira várias fotografias dos alegados agentes da Polícia Nacional de Angola que garantem ter como reféns desde segunda-feira.

As fotografias, sobre as quais não foi possível atestar a sua autenticidade, mostram quatro presumíveis agentes da polícia, por estarem fardados, escoltados por alegados membros das Forças Armadas Cabindesas (FAC), sob ameaça de arma de fogo.

Na quarta-feira, o comando-geral da Polícia Nacional de Angola negou a veracidade do anúncio feito no mesmo dia pela FLEC-FAC, considerando-o uma “manobra” para “chamar à atenção”.

Isso não é verdade e é mais uma manobra de diversão para chamar atenção. Não há nada de concreto em relação a isso. Não temos nenhuma informação que nos leva a acreditar nisso, até porque em conversa com o comandante de Cabinda e outras entidades locais não se confirma”, afirmou à Lusa o porta-voz do comando-geral da Polícia Nacional de Angola, Orlando Bernardo.

O oficial afirmou ainda que a situação em Cabinda está “completamente controlada” e que “nenhum comando reportou nada diferente no que diz respeito ao estado do efetivo local”.

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Os independentistas da FLEC-FAC anunciaram que fizeram reféns quatro elementos da Polícia Nacional de Angola pedindo a mediação do Comité Internacional da Cruz Vermelha para a sua libertação.

A informação foi divulgada através de um “Comunicado de Guerra” assinado pelo tenente-general Alfonso Nzau, chefe da brigada de Maiombe Sul das Forças Armadas Cabindesas (FAC).

De acordo com o mesmo anúncio, uma patrulha mista de soldados das Forças Armadas Angolanas (FAA) e elementos da Polícia Nacional de Angola terá sofrido na madrugada de segunda-feira, 15 de maio, uma “emboscada” das FAC na povoação de Nhuca, região de Buco Zau.

Dois soldados das FAA foram mortos e quatro polícias do governo angolano foram capturados pelas FAC. Os quatro angolanos são nossos prisioneiros de guerra e como tal serão tratados”, lê-se no comunicado emitido na quarta-feira.

A FLEC-FAC acrescenta que pretende libertar estes prisioneiros, como “medida humanitária”, lançando um “apelo” ao Comité Internacional da Cruz Vermelha “para mediar a libertação dos angolanos feitos prisioneiros”.

A organização independentista recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num “protetorado português”, o que está na base da luta pela independência do território. O enclave de Cabinda, no ‘onshore’ e ‘offshore’, garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.

Desde 2016, quando retomou a luta armada, a FLEC-FAC já reivindicou dezenas de ataques mortais a militares das FAA.

O ministro do Interior de Angola afirmou em outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre agosto e setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.

Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado”, disse o ministro Ângelo da Veiga Tavares.

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC-FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

O general Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC-FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros “estão a sonhar”.