Uma capela secular construída pelos colonos portugueses na ilha do Mussulo, em Luanda, passou a estar classificada como Património Histórico-Cultural de Angola, conforme decreto executivo assinado pela ministra da Cultura, Carolina Cerqueira.

De acordo com o decreto de classificação, esta capela representa “um testemunho do aproveitamento dado às ilhas adjacentes à antiga cidade de São Paulo de Loanda pelos colonos portugueses, para a concentração, armazenamento e embarque clandestino dos escravos capturados no interior da antiga colónia de Angola”.

O documento, de 8 de maio, reconhece a “necessidade de promover o reconhecimento” da denominada “Capela da Ilha do Mussulo” enquanto “importante testemunho da memória coletiva”, cabendo agora à administração local tomar medidas para a “efetiva proteção e valorização do referido património e da sua zona de proteção”.

Esta classificação acontece numa altura em que está em elaboração um plano diretor para requalificar a península de Mussulo, referência do turismo em Luanda, considerado urgente para travar o atual cenário de “desordem” na ocupação daquela área.

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A elaboração deste projeto está a cargo, desde 2011, do Gabinete Técnico de Gestão da Requalificação e Desenvolvimento Urbano do Perímetro Costeiro da Cidade de Luanda, Futungo de Belas e Mussulo.

“Urge alterar a atual situação de desordem nos assentamentos da população na península que, em boa parte, atentam contra o frágil ecossistema ambiental e influencia a qualidade de vida de todos os usurários desta linda e importante parcela da nossa cidade de Luanda”, defendeu recentemente Rodrigo dos Santos, diretor daquela gabinete, na apresentação da proposta em consulta pública e dependente ainda do Governo.

A “ilha” do Mussulo é na prática um banco de areia, com 99 quilómetros de costa, ligado a terra. Praticamente inacessível de carro, apenas de barco, conta atualmente com ‘resorts’ de luxo, restaurantes, condomínios e várias praias.

A península abrange uma área de 3.355 hectares – excluindo da intervenção deste plano as ilhas existentes nas águas interiores -, sendo 84% desse território de paisagem natural e apenas 16% de solo urbanizado. Vivem atualmente no Mussulo, segundo os dados do levantamento feito para este estudo, 15.300 pessoas em residências permanentes e 3.700 em segundas residências, contando a península com quatro escolas, um quartel de bombeiros, dois centros de saúde e 200 camas em oito resorts.