O Presidente brasileiro, Michel Temer, vai mesmo ser alvo de um inquérito de investigação da parte do Supremo Tribunal Federal. Temer pediu ao Supremo Tribunal para avançar com a investigação, depois de ter formalizado no sábado um pedido para a suspensão dos trabalhos.

Michel Temer exige suspensão do inquérito e diz que gravação foi adulterada

Temer é acusado dos crimes de corrupção, obstrução de justiça e organização criminosa. A base da acusação reside numa gravação que alegadamente o incrimina e os seus adovgados reforçam que a mesma é “adulterada” e que “não servirá de prova em tribunal”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A sua equipa legal terá contratado um especialista em áudio que concluiu que a gravação está cheia de falhas e pedem que o inquérito avance para “limpar o nome do Presidente. “Queremos que a investigação seja concluída o mais cedo possível”, garantiu Gustavo Guedes, um dos advogados de Temer. “A única prova contra ele – a gravação – é inútil”, acrescentou.

O perito contratado pela defesa de Temer, Ricardo Molina, disse esta terça-feira que a gravação que envolve Michel Temer e Joesley Batista é “inútil” como prova e “está cheia de falhas”, realçando a má qualidade e as interrupções do áudio. Não é possível averiguar se o material foi ou não editado antes de ser entregue no Ministério Público Federal, considerou ainda o técnico.

A gravação deveria ter sido considerada inútil desde o início. E assim seria, se aparecesse num caso sem conotações políticas como as que prevaleceram aqui. (…) Eu não posso dizer se foi ou não alterado, pela razão muito simples de que não é possível ouvir, durante a maior parte do tempo, o que diz que o Presidente (…) Numa situação normal, esta gravação nunca seria aceite como prova.”

O perito criticou ainda o Ministério Público Federal por incluir a gravação sem que o áudio tenha sido submetido antes a uma análise técnica da Polícia Federal.

Os conteúdos da gravação foram divulgados na comunicação social brasileira na passada quarta-feira e não ajudaram a acalmar a agitação política e económica. Nestas, Temer foi alegadamente gravado pelo empresário Joesley Batista a autorizar um suborno a Eduardo Cunha.

É esta a conversa que pode comprometer Michel Temer

Eduardo Cunha terá recebido 1 milhão de reais por mês (cerca de 272 mil euros) em troca do seu silêncio sobre o envolvimento de políticos brasieliros – entre os quais Michel Temer – na operação Lava Jato, de acordo com Joesley Batista.

Muitos especularam sobre uma possível demissão de Michel Temer depois dos conteúdos da gravação se terem tornado públicos, com a oposição a exigir eleições antecipadas. Contudo, o Presidente brasileiro garantiu a intenção de levar o mandato até ao fim.