A solução proposta para compensar os chamados “lesados” do Banco Espírito Santo (BES) — e a 48 horas do prazo limite para darem uma resposta — já foi aceite por mais de 1.700 clientes. Isto significa que, entre os que já responderam, a taxa de aceitação é de 99,5% e supera assim a percentagem necessária para viabilizar a criação do fundo que compensará estes investidores em papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES).

Os dados recolhidos pelo Novo Banco até às 17 horas desta quarta-feira, 24 de maio, e a que o Observador teve acesso, confirmam que, entre os 1.972 clientes que reclamam uma compensação, 1.783 deram o OK à proposta — juntos, aplicaram um investimento total de 372,5 milhões de euros. Apenas nove, que investiram 4,4 milhões (cerca de 1% do capital total investido pelo universo de lesados), recusaram o plano. Falta ainda conhecer a decisão de 180 clientes (que representam perto de 57 milhões de euros), mas o que responderem até às 15 horas de sexta-feira, dia 26, já não compromete o próximo passo do plano.

O modelo proposto pelo grupo de trabalho, em que o Governo participou, para compensar os antigos clientes do BES, passa por um adiantamento de 75% do dinheiro aplicado, num máximo de 250 mil euros para aplicações até 500 mil e 50% para os que investiram mais de meio milhão de euros.

O grupo de trabalho reuniu a associação dos clientes lesados, o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e um representante do Governo, Diogo Lacerda Machado. Após longos meses de negociação, foi decidido criar uma sociedade veículo, que se financiará junto da banca, para assegurar o pagamento das três tranches previstas: a primeira seria na altura da assinatura do contrato de adesão, prevista para finais de junho ou início de julho.

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Este financiamento bancário contará com uma garantia do Estado, faltando ainda saber como se irá desenrolar, sendo que a CMVM só dará luz verde à criação do fundo quando essa garantia for confirmada.

Lesados do BES. As explicações que António Costa não quis dar

Em causa está um total de 430 milhões investidos em papel comercial da Rioforte e da ESI, empresas que pertenciam ao universo GES, e que era vendido aos balcões do banco liderado então por Ricardo Salgado. Todas estas entidades foram declaradas insolventes. O Novo Banco não integra o grupo de trabalho, mas aceitou operacionalizar a solução, aproveitando os registos e contactos dos clientes que investiram no papel comercial.

António Ramalho, em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência no Porto, afirmou que “temos estado a receber as diversas intenções e, por aquilo que tenho conversado com os coordenadores desta iniciativa, tem corrido particularmente bem. As intenções parecem ser em número muito significativo, o que significa basicamente que a proposta terá sido muito bem recebida por parte das pessoas a quem foi oferecida”. Acrescentando ainda que o resto do trabalho terá de ser feito e contará com “o apoio logístico do banco”.

Atualizado às 15h58 com as declarações de António Ramalho.